quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sobre cambistas e outros demônios - parte II


Na sexta-feira passada, 31, publiquei aqui um texto sobre a operação da Polícia Civil que apreendeu 26 ingressos de cortesia nas mãos de 4 cambistas, por ocasião da partida Fluminense x Corinthians, na quarta-feira anterior, pelo Campeonato Brasileiro. Das 26 entradas, 16 eram cortesias direcionadas à diretoria ou ao departamento de futebol do próprio Fluminense. Os números foram divulgados pelos próprios policiais, que fizeram excelente serviço, é bom que se repita o elogio.

Até o momento em que escrevo estas linhas, vale dizer, o Fluminense Football Club não publicou nenhuma nota oficial a respeito do ocorrido. Segundo amigos que entraram em contato com a Ouvidoria do clube, a resposta obtida foi de que "o caso estava sendo apurado".

Ontem, como repercussão do post de semana passada, recebi o contato de um amigo tricolor, que me contou a seguinte história, ocorrida há exatamente um ano. No dia 03/09/2011, ele foi ao Estádio Raulino de Oliveira para assistir à partida Fluminense x Atlético Goianiense, válida pelo Campeonato Brasileiro do ano passado. Na porta do estádio, em cima da hora do começo do jogo, com filas na bilheteria e insistentemente abordado por cambistas, ele cedeu à tentação. O cambista não fazia questão nenhuma de esconder o bolo de ingressos em sua mão. Demonstrando receio e medo de serem ingressos falsos, meu amigo questionou o cambista, e este saiu-se com um "sou amigo do presidente", e insistiu que "trabalhava em algo no próprio Fluminense".

Os ingressos são os da imagem acima. Em ambos, está escrito "DIRETORIA FLUMINENSE", "CORTESIA" e "V. PROIBIDA", conforme se pode observar na foto. Cada um foi adquirido por 35 reais (não preciso dizer que depois, ao reparar na origem dos ingressos, meu amigo se arrependeu da compra).

A conclusão? Há pelo menos um ano, ingressos de cortesia destinados à diretoria do Fluminense, de venda proibida, estão sendo repassados a cambistas.

O prejuízo causado ao clube? Muito difícil de se calcular, mas não fugirei à luta. Numa perspectiva bastante conservadora, estimando o preço médio dos ingressos a R$ 15,00, o número de ingressos desviados em 300 por jogo, e a quantidade de jogos como mandante em uma temporada em 40, chegamos ao valor de R$ 180.000,00. Repito: num cálculo muito conservador.

(No atual Campeonato Brasileiro, o preço médio dos ingressos vendidos foi superior a R$ 15,00 em 11 dos 12 jogos do Fluminense já disputados no Rio de Janeiro. Em todas as 12 partidas, o número de não-pagantes foi superior a 1500 pessoas, chegando a ultrapassar 3500 em alguns casos.)

As perguntas que encerram o post de semana passada seguem sem resposta, e agora são ainda mais relevantes. Quem são os responsáveis por estes ingressos? Qual será a punição deles? Que medidas o Fluminense tomará para que a situação deixe de acontecer?

Aliás, aproveito para acrescentar mais uma pergunta à lista: como estas "cortesias de diretoria" entram nos borderôs dos jogos? As únicas cortesias que aparecem nos documentos são as "gratuidades por força de lei", para crianças e idosos (aqui, um exemplo de borderô, o do jogo Fluminense x Corinthians). Estas "cortesias" não estão nem sendo contabilizadas? Minha nossa, quanta falta de Transparência...

A dívida do Fluminense continua crescendo num ritmo alarmante. O clube teve prejuízo em diversas partidas desta temporada. Já passou da hora de agir, de maneira enérgica e veemente. Estamos diante de uma nova farra dos ingressos, talvez tão ou mais grave que aquela de 2008.

PC
(texto publicado também no PAVILHÃO TRICOLOR)

3 comentários:

  1. PC,

    realmente é grave e DEVE ser apurado com urgência!

    Vou escrever para nossa Ouvidoria reclamando. Isso precisa acabar!

    ST

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  2. Os parasitas da Flusócio sugando o nosso Tricolor...

    Que exemplo de amor ao clube!

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  3. Eu já disse qual o primeiro passo a ser tomando no primeiro post sobre cambistas.

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