domingo, 11 de julho de 2010

A maravilhosa jornada espanhola


Amigos, a história de hoje começa no Rio de Janeiro, precisamente no dia 13 de julho de 1950. Naquela data, a Fúria Espanhola enfrentava a Seleção Brasileira, num Maracanã com mais de 150 mil testemunhas. E foi a suprema humilhação do escrete da Espanha: o Brasil venceu por 6 a 1, com direito a um olé monumental, ao som da marcha carnavalesca "Touradas em Madri". Foi um autêntico espetáculo de Ademir, Chico e companhia. A Fúria, atônita, descobria, da pior forma possível, que não sabia jogar futebol. E aquela humilhação gravou-se para sempre na alma da Espanha. Nem mesmo o gol de honra, marcado por Igoa, amenizou o sofrimento rojo.

Hoje, sessenta anos depois, em Johannesburg, a Fúria entrou no campo do Soccer City e batalhou pela suprema glória do futebol mundial. Nestas longas seis décadas, a Espanha tratou de aprender o esporte bretão. Foi um árduo e intenso trabalho de gerações inteiras. A lenta evolução teve resultado hoje, quando aquele chute de Andrés Iniesta balançou as redes defendidas por Stekelenburg. Naquele instante, o planeta finalmente se rendia ao talento espanhol.

A conquista espanhola é merecida, incontestável. A derrota para a Suíça, na estréia, não mancha a caminhada do triunfo. Afinal, aquilo que a Suíça pratica não é futebol. Aquele ferrolho é o anti-futebol. A Fúria perdeu uma partida de anti-futebol, e venceu seis partidas de futebol. Portanto, não me venham com este argumento da derrota na estréia.

Alguns vão bradar que o ataque espanhol é pouco eficaz. De fato, foram apenas oito gols marcados em sete partidas. Mas o que importa é que os oito gols asseguraram as seis vitórias necessárias. Vejam a belíssima trajetória da Espanha na fase do mata-mata: 1 a 0 em Portugal, 1 a 0 no Paraguai, 1 a 0 na Alemanha, e 1 a 0 na Holanda. Quatro triunfos magrinhos, e por isso mesmo quatro triunfos espetaculares.

Amigos, as melhores e mais saborosas vitórias são por 1 a 0. O adversário sai com a impressão de que esteve próximo de arrancar um empate. Mas não passa de impressão: a Espanha venceria mesmo que sofresse os gols. O placar seria 2 a 1, 3 a 2, ou 4 a 3. A Fúria sempre foi, neste Mundial, senhora absoluta de suas partidas. Vicente del Bosque fez da manutenção da posse de bola a religião de seus jogadores. O adversário não consegue jogar seu melhor futebol, simplesmente porque não consegue sequer encostar na bola.

Em 1950, o Brasil foi um toureiro, e a Espanha foi um touro. Em 2010, a Espanha aprendeu a ser também toureira. E os fortes touros adversários foram todos retirados do seu caminho, como se fossem pobres piolhinhos.

Os espanhóis já pensam no bicampeonato, em 2014, aqui no Brasil. Afinal, foi na plaza Maracanã que tudo começou, há longos sessenta anos. Do tento de Igoa ao gol de Iniesta, em seis décadas: esta foi a maravilhosa jornada espanhola.

PC

4 comentários:

  1. É a suprema vitória do bom futebol sobre o derrotado, feio e fraco futebol "de resultados".

    Amarelona é a p#%¨&$&#&¨¨*!!!

    Sempre quis dizer isso.

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  2. E a influência de Cruijff ainda é percebida.

    Hoje perdeu o menos Cruijffiano, por ironia do destino, a Holanda.

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  3. E ai Pc, blz.
    A furia mereceu, jogou o melhor futebol e teve mais vontade de ganhar.
    Faltou pra Holanda aquela sorte que eles vinham tendo, bola que bate na trave e entra, erro do arbitro....
    Eu sempre disse que esse time da Holanda, apesar de ter 2 ou 3 bons jogadores não me convenseria que poderiam ganhar alguma coisa.

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  4. Vejo Copa do Mundo desde 1970 (também, em 66 era só no rádio...).

    Desde aquela época tinha sempre uma, duas ou até tres seleções que se destacavam.

    Desde aquela época tinha sempre vários jogadores que se detacavam.

    A partir de 94, o futebol na Copa do Mundo começou a desaparecer e começou a busca incessante pelo resultado, mas ainda tivemos Romário, Ronaldo, Zidane, destaques incontestáveis nas copas de 94, 98 e 02.

    2006 e 2010 tudo sumiu. Time ou jogador se destacando, nada disso.

    Nesta copa, a cada rodada, a imprensa elegia um time ou um craque da copa, e na rodada seguinte, tudo mudava.

    A própria campeã, com méritos, com seu jogo de toque de bola e marcação já no campo do adversário, tinha uma grande dificuldade de marcar gols.

    Faltou o Torres? Talvez, mas 1 gol de média em sete jogos é muito pouco para uma seleção campeã do mundo.

    E no único jogo (ou anti-jogo, mas válido) que começou levando um gol, perdeu, mostrando dificuldade em fazer gols.

    A copa foi chata. Muito chata.

    O jogo final, chatíssimo.

    Ainda bem que acabou.

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