quarta-feira, 22 de abril de 2009

Senna campeão mundial


Japão, 30 de outubro de 1988.

Amigos, Suzuka foi mais que a vitória de Ayrton Senna. Em termos gerais, Suzuka foi o triunfo do povo brasileiro. Em termos particulares, Suzuka foi a vitória de cada homem tupiniquim. Sim, cada cidadão brasileiro foi vencedor na madrugada deste domingo. Do piloto da carrocinha de chicabon ao Presidente da República, passando por mim e por você, todos nós, somos, de fato, desde a madrugada, uns campeões mundiais de automobilismo.

Ayrton Senna não completou ainda trinta anos, mas já é o maior, amigos: o maior de todos os tempos! Dentro do cockpit de um Fórmula 1, ninguém jamais foi tão perfeito, tão consistente, tão avassalador quanto Senna. Examinemos a corrida: ele largou de primeiro lugar, o que já é uma vantagem considerável. A previsão do tempo indicava chuva, e isso também é favorável a ele. Tudo conspira para o campeonato mundial de Ayrton Senna. E então o que acontece? Na hora H, o carro morre. Minha Nossa Senhora Aparecida, tudo bem o meu carro morrer, o carro do meu vizinho morrer, ou o carro do meu chefe morrer. Mas o carro do Senna não poderia ter morrido, justo na largada da corrida mais importante da vida do piloto. Mas aconteceu. Ouviu-se um urro de dor coletiva em cada canto desse país: aquela falha mecânica era uma punhalada em cada um de nós. Até a McLaren pegar no tranco, quinze carros haviam ultrapassado Senna. "Está tudo acabado", lamentamos todos nós, do Oiapoque ao Chuí.

Na primeira volta, Senna está em décimo-sexto lugar. Quinze carros à frente: o suficiente para desanimar até mesmo o mais otimista. Porém, a chuva ajuda o brasileiro a ganhar terreno e, ainda na terceira volta, Senna já é o quarto. Então, Senna passa Gerhard Berger e assume o terceiro lugar. A chuva ajudava cada vez mais, e agora era a vez de Ivan Capelli: um bote certeiro, e Senna assume a vice-liderança da prova. Porém, a distância para Alain Prost era a eternidade de 17 segundos. Com o mesmo equipamento do professor Prost, tratava-se de uma diferença praticamente inexpugnável. Porém, Senna acelerava com vigor, atacava ousadamente cada curva, freava o mínimo possível, e ganhava a cada manobra preciosos milésimos de segundo. Ele acreditou tanto no milagre, que o milagre foi se concretizando.

Volta a volta, a distância diminuía. Até que, na vigésima-sétima volta, ocorre a consumação do suave, doce e santo milagre: Ayrton Senna ultrapassa Alain Prost. Então, foi só guiar a McLaren até a bandeirada consagradora. O jovem Ayrton se junta ao bicampeão Emerson Fittipaldi e ao tricampeão Nelson Piquet, na galeria de brasileiros que atingiram a suprema glória do automobilismo.

"Foi Deus que me deu esse campeonato", declarou Senna após o triunfo. Ele tem toda a razão ao agradecer aos céus, pois o talento que possui é extraordinário. Aliando esse talento à fé, Senna provou-nos que não há limites para o ser humano determinado. As 12 pole-positions e 8 vitórias são incontestáveis: Senna não foi apenas o campeão de 1988. Ayrton Senna do Brasil foi o maior campeão da história da Fórmula 1. Já sinto o cheiro do bicampeonato.

PC

Vídeo da TV Globo dos momentos finais da corrida:



Classificação final do GP do Japão de 1988:
1) Ayrton Senna (Brasil) - McLaren-Honda / 1:33:26.173
2) Alain Prost (França) - McLaren-Honda / + 13.363
3) Thierry Boutsen (Bélgica) - Benetton-Ford / + 36.109
4) Gerhard Berger (Áustria) - Ferrari / + 1:26.714
5) Alessandro Nannini (Itália) - Benetton-Ford / + 1:30.603
6) Riccardo Patrese (Itália) - Williams-Judd / + 1:37.615
7) Satoru Nakajima (Japão) - Lotus-Honda / + 1 volta
8) Philippe Streiff (França) - AGS-Ford / + 1 volta
9) Philippe Alliot (França) - Lola-Ford / + 1 volta
10) Maurício Gugelmin (Brasil) - March-Judd / + 1 volta
11) Michele Alboreto (Itália) - Ferrari / + 1 volta
12) Jonathan Palmer (Grã-Bretanha) - Tyrrell-Ford / + 1 volta
13) Pierluigi Martini (Itália) - Minardi-Ford / + 2 voltas
14) Julian Bailey (Grã-Bretanha) - Tyrrell-Ford / + 2 voltas
15) Luis Perez-Sala (Espanha) - Minardi-Ford / + 2 voltas
16) Aguri Suzuki (Japão) - Lola-Ford / + 3 voltas
17) René Arnoux (França) - Ligier-Judd / + 3 voltas

4 comentários:

  1. Classificação completa do GP do Japão de 1988: http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Prêmio_do_Japão_de_1988_(Fórmula_1)

    ResponderExcluir
  2. Ayrton Senna é disparado o melhor piloto de todos os tempos!!! Sua coleção de feitos geniais e épicos é inigualável!

    Não agüento ter que ouvir um monte de idiotas da objetividade profanando a história ao dizer o absurdo de que o Schumacher foi o maior piloto de todos os tempos porque ganhou mais títulos, é sempre a mesma ladainha...nunca vi um feito genial sequer desse chucrute...foi um grande piloto, mas longe de genial, nunca chegou aos pés do Senna!

    ResponderExcluir
  3. Desafio os adoradores do chucrute que só sabe ultrapassar no pit stop a citerem um feito do indivíduo que se aproxime do que o Senna fez nessa corrida.

    ResponderExcluir

Regras para postar comentários:

I. Os comentários devem se ater ao assunto do post, preferencialmente. Pense duas vezes antes de publicar um comentário fora do contexto.

II. Os comentários devem ser relevantes, isto é, devem acrescentar informação útil ao post ou ao debate em questão.

III. Os comentários devem ser sempre respeitosos. É terminantemente proibido debochar, ofender, insultar e/ou caluniar quaisquer pessoas e instituições.

IV. Os nomes dos clubes devem ser escritos sempre da maneira correta. Não serão tolerados apelidos pejorativos para as instituições, sejam quais forem.

V. Não é permitido pedir ou publicar números de telefone/Whatsapp, e-mails, redes sociais, etc.

VI. Respeitem a nossa bela Língua Portuguesa, e evitem escrever em CAIXA ALTA.

Os comentários que não respeitem as regras acima poderão ser excluídos ou não, a critério dos moderadores do blog.