quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Meu personagem do ano

Amigos, neste meu último texto de 2008 escolherei o meu personagem do ano. Há muitas opções, claro. Afinal, 365 dias são suficientes para consagrar dezenas de personagens. Poderiam ser eleitos Hamilton ou Massa, que disputaram o campeonato da Fórmula 1 até a última curva da última corrida. Os nossos medalhistas de ouro - César Cielo, Maurren Maggi e seleção feminina de vôlei - também fizeram por merecer a honra. O americano Michael Phelps, o jamaicano Usain Bolt e a bela russa Yelena Isinbayeva também tiveram um ano espetacular. No futebol, tivemos Cristiano Ronaldo, Rooney, Lampard, Messi, Thiago Silva, Thiago Neves, Guerrón, Cevallos. Mas não, meu personagem do ano ainda não foi citado.

Meu personagem de 2008 sorriu e chorou. Acima de tudo, ele sonhou. Trata-se da torcida tricolor. Há os que me chamarão de parcial. Para respondê-los, cito o profeta Nelson: "O ser humano é capaz de tudo, até de uma boa ação. Não é, porém, capaz da imparcialidade. Só acredito na isenção do sujeito que declarar que a própria mãe é vigarista". Sou parcial, sim: despudoradamente parcial. Eu sou, e vocês também são.

Amigos, o que a torcida tricolor fez esse ano foi demais. Há 23 anos, aguardávamos nossa volta à Libertadores. Melhor, a Libertadores aguardava a nossa volta. E que retorno épico e glorioso! No dia em que o pó-de-arroz - nosso símbolo máximo - voltou às arquibancadas, a festa foi perfeita: 6 a 0 no Arsenal de Sarandí. Toda aquela espera valeu a pena: show no campo e show na arquibancada! Os espetáculos proporcionados pela torcida tricolor continuaram, conforme passavam os jogos do Campeonato Carioca e da própria Libertadores.

Até que chegou o grande dia da torcida tricolor: 21 de maio de 2008. Pela Libertadores, Fluminense e São Paulo digladiavam em campo, num daqueles jogos eternos. Os paulistas tinham a vantagem do resultado, pois haviam vencido no Morumbi por 1 a 0. Mas o Fluminense tinha a vantagem numérica! Éramos 70 mil fanáticos, dispostos a vencer ou perecer! Naquele dia, ou melhor, naquela noite, nós não saímos do Maracanã apenas roucos. Nós saímos roucos e surdos. Jamais na história uma torcida teve tamanha influência no destino da batalha. O poderoso São Paulo, tricampeão e tudo, não suportou a pressão e sucumbiu aos 47 do segundo tempo. Foi inesquecível.

Houve ainda os espetáculos contra Boca Juniors e LDU, com demonstrações de amor e fé inabaláveis. O troféu não veio, mas não há dúvidas de que a torcida tricolor o merecia. E ainda há de conquistá-lo. Pois, citando novamente o profeta: "Uma torcida não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva um imperecível estandarte de paixão".

Para completar a justificativa de minha escolha do personagem do ano, apresento dados numéricos. A média de público do Fluminense na Libertadores foi de 49.011 pagantes por jogo. Amigos, trata-se da maior média da história do torneio. Os idiotas da objetividade ainda me dizem: mas torcida não ganha jogo. Saibam eles que o Tricolor venceu todos os seus sete jogos no Maracanã. As outras torcidas podem não ganhar. Mas nós, amigos... nós ganhamos! E é por isso que eu escolhi a torcida tricolor como o meu personagem do ano de 2008.

PC

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Retrospectiva Esportiva 2008 - parte II

Continuando a retrospectiva esportiva de 2008, ainda falando dos Jogos Olímpicos de Pequim, vou agora comentar os destaques (positivos e negativos) entre os atletas brasileiros. Nosso país conseguiu um número recorde de medalhas, alguns tabus foram quebrados, mas também houve decepção. Vamos começar pelas coisas boas.

Como destaques positivos podemos destacar as inéditas medalhas individuais femininas, começando com o bronze da judoca Ketleyn Quadros, passando pelo bronze de Natália Falavigna no Tae-Kwon-Do, e chegando finalmente no ouro de Maurren Maggi no salto em distância. Esse ouro, aliás, veio como redenção após um período de trevas na vida da atleta, acusada de doping e afastada das pistas por dois anos, ficando ausente dos Jogos anteriores. Quem também se redimiu foram as meninas do vôlei feminino, após uma derrota impressionante nos Jogos de Atenas, elas deram a volta por cima e faturaram a medalha de ouro desta vez.

Outro destaque positivo foi a prata obtida pela seleção feminina de futebol. Tudo bem, vai, podia ter sido melhor, mas as meninas lutaram muito até o fim, e no seu único vacilo, as americanas transformaram o sonho em pesadelo. Mas como reclamar de um time que lutou, brigou, e cujo esporte não tem nenhum apoio? Essa prata teve gosto de ouro, tanto que, finalmente, foi criado um campeonato decente de futebol feminino no Brasil. Plagiando o Profeta Tricolor, “o Brasil foi o melhor time; se os fatos dizem o contrário, pior para os fatos”.

Mais destaques positivos: a medalha inédita das belas Fernanda Oliveira e Isabel Swann na vela. Pioneirismo total. E por falar em vela, outro destaque foi Robert Scheidt (junto com Bruno Prada). Ok, ok, também não foi ouro. Mas o cara mudou de categoria e continua entre os primeiros! É um gênio do esporte. E o que falar da atuação de César Cielo? Uma medalha de bronze e uma espetacular medalha de ouro, a primeira da natação nas Olimpíadas. Nem os monstros Fernando Scherer e Gustavo Borges alcançaram o feito. Sensacional!

Chegou a hora então de falar o que decepcionou nos Jogos. E olha que a lista é grande... vou começar pelo futebol masculino. Não posso dizer que a medalha de bronze é decepção total, ainda mais depois da entrevista que vi do grande Carlos Alberto Parreira, onde afirmou que a preparação do Brasil para a disputa das Olimpíadas foi nenhuma. Verdade pura. Como pode um time que não se preparou aspirar à medalha de ouro? Não pode. A decepção, portanto, foi a preparação do time para os Jogos de Pequim. Se continuarmos nesse rumo, o Ouro Olímpico continuará fora das prateleiras da CBF...

E o basquete? Feminino, é claro, porque o masculino não sabe o que é ir às Olimpíadas faz tempo... pior desempenho da história!

Outra decepção foi o vôlei de praia. No feminino, nem fomos ao pódio. Fato inédito desde a introdução do esporte nos Jogos Olímpicos. No masculino, éramos os maiores favoritos ao ouro, mas acabamos ficando com prata e bronze. Decepção total? Claro que não! Mas era um daqueles ouros certos, e que acabou escapando. E por falar em ouro certo, outra decepção foi a seleção masculina de vôlei, que dominou tudo durante os últimos anos e acabou ficando apenas com a prata. Apenas... pois é, a gente acaba ficando mal-acostumado, né? O samba em Pequim (ainda bem que não apostei!) ficou mesmo por conta das meninas.

Outra grande decepção brazuca nos Jogos foi o atletismo. Tirando o ouro da Maurreen, nenhuma outra medalha! Impressionante! Duas grandes promessas decepcionaram bastante: Fabiana Murer, no salto com vara foi prejudicada pela organização e não conseguiu sua medalha. Lamentável a organização do Maior Evento do Esporte Mundial simplesmente perder o material de uma atleta!

E no salto triplo? Jadel Gregório era franco-favorito ao ouro, mas nem ao pódio ele foi. Neste caso, problemas extra-pista, brigas com técnicos, preparação abaixo do esperado, tudo isso fez com que nosso atleta fosse uma das grandes “medalhas garantidas que não vieram”.

Pra terminar esse assunto desagradável, falta a ginástica. Nenhuma medalha. No feminino, Jade Barbosa não conseguiu bons resultados e isso acabou culminando em acusações de que a federação não dá o devido tratamento às lesões das atletas. Mas a grande decepção foi a queda de Diego Hypólito.

De todas as medalhas de ouro que dávamos como certas, essa era a mais certa de todas. Mas aqui vale destacar algo muito importante: Em momento algum a imprensa ou torcida brasileira massacrou o atleta com críticas quanto ao seu desempenho. Talvez tenham sido comovidos pelas lágrimas dele em rede nacional, se desculpando com o povo brasileiro; ou então por entender que foi uma fatalidade, que pode ocorrer com qualquer um a qualquer momento, e que escolheu justamente o momento mais importante para acontecer; ou ainda por reconhecer que a série que ele apresentava era, de longe, a melhor dentre todas as outras e que, se não fosse aquela queda, ele ganharia fácil, fácil. Mas está aí, então, um destaque positivo: a reação popular, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com a seleção masculina de futebol.

Espero não ter esquecido de nada. Ainda vou falar mais das Olimpíadas e dos demais fatos esportivos de 2008 que merecem destaque, mas isso deve ficar só para o ano que vem. Mas podem relaxar, que isso é só daqui a alguns dias. E podem ficar tranqüilos, que o post sobre as musas está a caminho.

Feliz 2009

rafs

Retrospectiva Esportiva 2008 - parte I


O final do ano é uma época repleta de tradições. Uma delas é a retrospectiva. Para não fugir do tradicional, vou, então, fazer uma série de posts-retrospectiva, voltados para o que aconteceu no mundo do esporte durante o ano de 2008. Bom, o mais importante fato esportivo do ano foram os Jogos Olímpicos de Pequim. Começarei por aqui então.

O primeiro post sobre esse tópico será dedicado aos grandes destaques dos Jogos Olímpicos, em âmbito internacional. Pretendo falar exclusivamente dos brazucas posteriormente.

Vamos começar pelo começo, ou melhor, pela abertura dos Jogos. Foi simplesmente fenomenal. Fenomenal, não, essa palavra traz más lembranças. Foi impressionante. A mistura de uma tradição e uma cultura milenares com a mais alta tecnologia fizeram um espetáculo belíssimo, que mostrou também a incrível capacidade do povo chinês de se organizar e realizar movimentos extremamente harmoniosos e precisos, tão precisos que poderiam ser atribuídos a máquinas. Mas o que importa mesmo são os esportes. Vamos a eles então.

Para mim, os Jogos de Pequim foram divididos em duas etapas, lideradas por dois grandes nomes, como dois impérios distintos, comandados por dois grandes reis. O primeiro império foi o das águas. O rei Micheal Phelps dominou a primeira semana dos Jogos, na sua luta para conquistar o maior número de medalhas de ouro em uma só edição das Olimpíadas. E os deuses do Olimpo o abençoaram com os louros dessa magnífica conquista. E como uma andorinha só não faz verão, Phelps teve ajuda preciosa de seus companheiros. Como não lembrar a épica prova do revezamento 4X100 livre, quando França e Estados Unidos disputavam braçada a braçada a prova? Como não lembrar o desempenho histórico de Jason Lezak, que conseguiu se recuperar e deixou Alain Bernard na segunda posição, desolado após uma não menos brilhante prova? E como não lembrar a reação mais do que eufórica do fenômeno, ou melhor, gênio das piscinas ao constatar a vitória de sua equipe, e sua própria, mantendo vivo o sonho dos oito ouros. Na verdade esse foi o único momento em que a conquista esteve ameaçada, já que as outras medalhas foram bem mais fáceis de serem conquistadas.

O segundo império foi o das pistas. Seu rei: o jamaicano Usain Bolt. O homem mais rápido da Terra. Ganhou também tudo o que podia nesses Jogos, e sem muito esforço! Foi impressionante sua chegada nos 100 metros, praticamente brincando para as câmeras. E batendo o recorde mundial!!! Aliás, se um dos deuses do Olimpo o representa com precisão, este deve ser Baco, o mais fanfarrão dos deuses, o Bolt sabe muito bem como chamar atenção para si. Cheio de marra e carisma, o jamaicano dominou a segunda metade dos Jogos Olímpicos de Pequim.

Ainda nas pistas, não posso deixar de citar a musa russa Yelena Isinbayeva. Não só pelo seu desempenho extraordinário, mas também pela sua estonteante beleza.

Mas muito mais aconteceu nessas Olimpíadas. Não só tivemos reis, mas muitas rainhas. E que rainhas... Em um dos posts futuros, recheado de fotos, pretendo escrever sobre todas seguidoras de Afrodite que participaram dos Jogos.

Abraços e Feliz 2009!

rafs

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Fla-Flu de 1983


Amigos, a data é 11/12/1983. O estádio é o Maracanã. E o personagem é Assis.

Disputavam o triangular final do Campeonato Carioca Fluminense, Flamengo e Bangu. O Tricolor empatara com o Bangu no primeiro jogo, uma semana antes: 1 a 1. Uma vitória praticamente levaria o troféu para Álvaro Chaves. Um empate ou uma derrota deixariam a decisão do título para Flamengo e Bangu.

83.713 fanáticos escorriam pelas paredes do Estádio Mário Filho. Os vivos, os doentes e os mortos subiram as rampas. Os vivos saíram de suas casas, os doentes de suas camas, e os mortos de suas tumbas. Porque Flamengo e Fluminense precisavam de número, e protagonizariam o maior espetáculo da Terra.

O zero a zero persistia teimosamente no placar, eliminando o pó-de-arroz. Tricolores já choravam nas arquibancadas. Alguns até já desciam as rampas. Até que, aos 45 minutos do segundo tempo, a bola sobrou com Delei no meio-de-campo, pelo lado direito. Ele executou o lançamento primoroso, e o tempo parou. Sim, amigos, o tempo parou. As 84 mil testemunhas, os 22 jogadores, o juiz Arnaldo César Coelho, os bandeirinhas e a bola, todos eles, pararam.

Quando o tempo voltou a transcorrer, Assis dominou a bola e partiu em direção aos arcos rubro-negros, defendidos por Raul Plasmann. Amigos, aquela era mais que a bola do jogo: era a bola de todo um campeonato! E o atacante tricolor soube aproveitá-la: um leve toque de canhota, rasteiro, e a pelota estufou o canto direito das redes flamengas. Era o gol do título! Explosão de alegria nas três cores que traduzem tradição! Festa tricolor no Maracanã!

E quem poderia ser o personagem do jogo, senão Assis? Benedito de Assis da Silva, atacante de recém-completados 31 anos, entrou, naquele instante mágico, para a vasta galeria de ídolos do Fluminense Football Club. Porém, todo o time, comandado por Carbone, merece ser lembrado: Paulo Victor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei, Leomir e Assis; Washington e Paulinho.

No jogo seguinte, o Flamengo venceu o Bangu, e a torcida tricolor pôde finalmente comemorar o título. Um ano depois, Assis novamente faria história no Fla-Flu. Mas isso é assunto para outro texto. Até lá!

PCFilho




terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Anapolina, do Serrano

Em 1980, o Fluminense havia vencido a Taça Guanabara, e encararia o vencedor do segundo turno na finalíssima do Campeonato Carioca. Tudo indicava que o Flamengo faria a final com o Tricolor. O rubro-negro possuía um grande time, que incluía Júnior e Zico, entre outros, e era o campeão brasileiro do ano. Faltando três rodadas, o Flamengo tinha um ponto a mais que o Vasco. Assim, só dependia de seus próprios esforços para ir à final. Nessas condições, o rubro-negro foi a Petrópolis encarar o Serrano, no Estádio Atilio Marotti. Quinze mil flamenguistas estavam presentes, empurrando o mais querido contra aquele quadro de jogadores desconhecidos. Eis que, aos 19 minutos do primeiro tempo, um desses jogadores desconhecidos fez 1 a 0 para o Serrano. O ponta-esquerda Anapolina era o segundo reserva, e só estava jogando por causa da venda do titular e da lesão do primeiro reserva.

No intervalo, a massa rubro-negra acreditava na virada. Afinal, Zico & Cia não perderiam para aqueles semi-amadores nem se quisessem! Começou o segundo tempo e, amigos, o que se viu foi o maior bombardeio da história do futebol. A cada minuto, o Flamengo chutava pelo menos uma bola ao gol. Porém, a pelota sempre voltava. O goleiro do Leão da Serra fechou o gol. "Não entrava nem pensamento", dizem as testemunhas da partida, mordidas de nostalgia. E, para incredulidade geral, o placar final foi esse mesmo: Serrano 1, Flamengo 0.

E quais foram os destinos dos personagens dessa batalha épica? O herói Anapolina, posteriormente, declarou que é rubro-negro. Sua carreira nunca decolou, apesar da fama que obteve na época. E o goleiro? Quem era aquele ilustre desconhecido debaixo das traves do Serrano?

Amigos, o nome do goleiro é Acácio. Dois anos depois, ele se transferiria para o Vasco da Gama, onde faria uma brilhante carreira. Chegou à Seleção Brasileira, sendo reserva na Copa do Mundo da Itália, em 1990. Em 1988, Acácio ficou 879 minutos consecutivos sem sofrer um gol, no Campeonato Brasileiro - um recorde que apenas três goleiros já superaram. Em 1989, foi o goleiro titular do Vasco na conquista do Campeonato Brasileiro.

A derrota acabou com o sonho do tetra-campeonato do Flamengo (o clube se considera tri-campeão de 1978 e 1979, alegando que em 1979 foram disputados dois campeonatos). O Vasco foi à final, e acabou perdendo para o Fluminense: gol de Edinho, de falta, com a colaboração de João de Deus. Mas isto já é assunto para outro texto...

sábado, 13 de dezembro de 2008

O quinto dos infernos rubro-negro

Amigos, estava escrito desde o dia três de julho de dois mil e oito: o Flamengo terminaria o Campeonato Brasileiro de 2008 em quinto, uma posição abaixo da zona da classificação à Libertadores de 2009. Nesse dia, o seguinte à final da Libertadores, eu vi um mar de camisas rubro-negras invadir as ruas do Rio de Janeiro. Eram os flamenguistas comemorando a derrota do Fluminense para a LDU. Eu particularmente não entendi tanta alegria estampada nos rostos da urubuzada. Que tempos tenebrosos vive o clube da Gávea. Antigamente, sua enorme torcida se alegrava com as próprias glórias. Hoje, se apequena, transformando o Flamengo numa filial de clube equatoriano.

Observando os sorrisos dos flamenguistas naquele dia, eu tive a visão: o Flamengo terminaria em quinto lugar, o quinto dos infernos rubro-negro. Os deuses do futebol não gostam do espírito anti-esportivo. Acontecesse o que acontecesse, o rubro-negro terminaria em quinto, e perderia a vaga na Libertadores por um triz. Escrevi isso aqui na época, porque eu tinha certeza. E aconteceu exatamente conforme o previsto. Por um ponto, o Flamengo está fora. Agora, terão que amargar um 2009 sem jogar a principal competição do continente. Justo eles que sonhavam com a terceira participação seguida!

Para piorar o dissabor flamengo, o Fluminense terminou o Brasileirão exatamente na última vaga para a Sul-Americana. Assim, mesmo com uma campanha pior, o Fluminense teve exatamente a mesma recompensa do Flamengo. Ouvi de um amigo urubu: "melhor assim que se vocês tivessem vencido a Libertadores". Pelo visto, o pobre coitado não aprendeu a lição.

A única felicidade dos flamenguistas nesse fim de ano foi o rebaixamento do Vasco. Para uma torcida que vive da desgraça alheia, está de bom tamanho.

Feliz 2009, nação rubro-negra! (Rezem para o Fla não enfrentar o Tricolor nas competições de mata-mata. Assis, Renato Gaúcho e companhia mandam lembranças!)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Até breve, Thiago



Assim que terminou a rodada, começaram a me cobrar: "escreva sobre o rebaixamento do Vasco! escreva sobre o vexame do Flamengo! escreva sobre o título são-paulino!". Não, não, e não. Amigos, só posso escrever sobre o fato mais importante de toda a rodada: o emocionante adeus de Thiago Silva no Maracanã. Dirão os idiotas da objetividade, "nem lerei o texto". Amigos, perdoemos essas criaturas: eles não sabem que futebol é paixão, é emoção, é amor.

Sabem qual foi o maior público da última rodada do Brasileirão? Sim, amigos, foi o do Maracanã! 51.172 tricolores compareceram ao Maior do Mundo, com um único objetivo em mente: homenagear o grande zagueiro que se despedia das três cores que traduzem tradição. Ídolo? Sim, ídolo. Aos 24 anos, esse rapaz conquistou o seu espaço no coração de todo tricolor. Vejam a prova cabal disso: o estádio mais cheio da última rodada foi o Maracanã, mesmo em um jogo que valia, teoricamente, bem menos que os outros. Tudo pela despedida do Monstro.

Antes de tudo, preciso dizer que vi grandes jogadores vestirem a camisa do Fluminense. Em vídeos antigos, eu vi Assis, Washington, Romerito, Rivellino, Castilho, Carlos Alberto Torres, Didi, e muitos outros. Ao vivo, eu vi Renato Gaúcho, Romário, Marcão. Também vi o brilhante time de 2008: Fernando Henrique, Luiz Alberto, Roger, Júnior César, Arouca, Conca, Thiago Neves, Dodô, Washington, Gabriel, Cícero. E Thiago Silva, é claro. Eu vi Thiago Silva.

Thiago Silva é um zagueiro extraordinário - é o tipo de jogador que eu gosto de ver com a camisa tricolor. Incorpora o espírito de lutador como poucos. Não me lembro de nenhum jogo em que ele não tenha jogado com garra! Sua maturidade, sua compenetração e seu senso de responsabilidade são impressionantes. Ele não gosta de aparecer, joga para o time, joga sério! A torcida tricolor te considera uma verdadeira muralha, Thiago!

Na volta do intervalo, o Monstro caminhou em direção à torcida, e não conteve as lágrimas. Nas arquibancadas, 50 mil fanáticos também choravam. Lembramos da sua história de luta contra a tuberculose, da sua força de vontade, da sua superação. Lembramos de quando Thiago erra uma jogada em campo, e corre atrás como um leão para recuperar a bola. Em campo, ele é um guerreiro incansável, que como poucos vestiu de forma tão esplendorosa a camisa tricolor. Obrigado por toda essa dedicação, Thiago Silva!

Nós tricolores sentimos muito carinho por cada um dos ídolos acima citados. Mas com Thiago Silva é diferente. Ontem, na arquibancada amarela do Maracanã, tive a sensação de que ele é maior que os outros. É impossível expressar com palavras o que sinto ao ver Thiago Silva em ação com a camisa tricolor. Acho que era o que meu pai, rubro-negro, sentia ao ver Zico em campo. Talvez seja o que meu tio botafoguense sentia ao ver Garrincha.

Certa vez, Thiago Silva disse que o jogador precisa fazer seu pé-de-meia, mas que quando vestia a camisa tricolor, ele jogava com amor. Nós tricolores sabemos disso, pois sentimos esse amor quando ele está em campo. É por isso que temos certeza: logo, ele vai voltar!

Com lágrimas nos olhos, despeço-me. Obrigado, Thiago Silva! E até breve...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A penúltima rodada

Eletrizante. Amigos, esse é o melhor adjetivo para caracterizar a penúltima jornada do nosso longo campeonato. Escreverei um pouco sobre cada um dos jogos dos times cariocas.

O Botafogo fez o que se esperava dele: perdeu, mesmo jogando em casa. O alvinegro tem sido tão apático, tão displicente, que não se pode esperar outro resultado da equipe, que não a derrota. É deprimente e melancólico o fim de ano botafoguense.

O Flamengo foi beneficiado pelos tropeços de Cruzeiro e Palmeiras, na briga por uma vaga na Libertadores. Uma vitória sobre o Goiás, no Maracanã, colocaria o rubro-negro com grandes chances de conquistar a cobiçada vaga. E o que fez o quadro da Gávea, amigos? Fez 1 a 0, com Obina, e logo depois fez 2 a 0, com Juan. Não satisfeito, meteu logo o terceiro, com Obina de novo. Que início avassalador! Porém, para tristeza da massa flamenguista, o mais querido entregou o ouro. Deixou que os goianos fizessem 3 a 1, depois 3 a 2, e depois 3 a 3. Inacreditável! Agora, ficou improvável a classificação ao principal torneio do ano que vem...

O Vasco da Gama, desesperado na difícil luta contra o rebaixamento, fez a parte dele. Foi a Curitiba, venceu o Coritiba por 2 a 0, e voltou do Couto Pereira com os três pontos. Porém, todos os outros resultados foram desfavoráveis, e só um milagre salva o Gigante da Colina da Segundona. Justamente no ano em que botou Eurico Miranda para fora, o centenário clube da cruz-de-malta não merecia tamanho castigo. À torcida, resta acreditar no improvável. Futebol só acaba quando termina, já diz o ditado.

O Fluminense fez sua parte. Praticamente livre de qualquer ameaça, foi ao Morumbi apenas para defender sua honra. O Tricolor jamais entrará em campo com outro objetivo que não a vitória. E foi o que fez ontem, com brilhantismo. O São Paulo estava com tudo pronto para a festa do tri - ou do hexa, como queiram. Mas o Pó-de-arroz estragou tudo. Com grande atuação de Thiago Silva - o craque deste campeonato - o Flu merecia vencer, mas acabou saindo do Cícero Pompeu de Toledo com um empate. Como bem disse o treinador René Simões, o jogo foi a prova de que o Fluminense é um dos melhores times do campeonato, e deveria estar na briga pelo caneco. Infelizmente, a priorização da Libertadores impediu que isso acontecesse.

A última rodada promete fortes emoções. O Vasco pode cair, o Flamengo pode ir à Libertadores... Mas, para mim - Tricolor nato, hereditário e confesso - o mais importante acontecerá no sábado. Fluminense x Ipatinga marcará a despedida de Thiago Silva - o melhor jogador que eu vi envergar o glorioso manto Tricolor.

PC