quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Meu personagem do ano

Amigos, neste meu último texto de 2008 escolherei o meu personagem do ano. Há muitas opções, claro. Afinal, 365 dias são suficientes para consagrar dezenas de personagens. Poderiam ser eleitos Hamilton ou Massa, que disputaram o campeonato da Fórmula 1 até a última curva da última corrida. Os nossos medalhistas de ouro - César Cielo, Maurren Maggi e seleção feminina de vôlei - também fizeram por merecer a honra. O americano Michael Phelps, o jamaicano Usain Bolt e a bela russa Yelena Isinbayeva também tiveram um ano espetacular. No futebol, tivemos Cristiano Ronaldo, Rooney, Lampard, Messi, Thiago Silva, Thiago Neves, Guerrón, Cevallos. Mas não, meu personagem do ano ainda não foi citado.

Meu personagem de 2008 sorriu e chorou. Acima de tudo, ele sonhou. Trata-se da torcida tricolor. Há os que me chamarão de parcial. Para respondê-los, cito o profeta Nelson: "O ser humano é capaz de tudo, até de uma boa ação. Não é, porém, capaz da imparcialidade. Só acredito na isenção do sujeito que declarar que a própria mãe é vigarista". Sou parcial, sim: despudoradamente parcial. Eu sou, e vocês também são.

Amigos, o que a torcida tricolor fez esse ano foi demais. Há 23 anos, aguardávamos nossa volta à Libertadores. Melhor, a Libertadores aguardava a nossa volta. E que retorno épico e glorioso! No dia em que o pó-de-arroz - nosso símbolo máximo - voltou às arquibancadas, a festa foi perfeita: 6 a 0 no Arsenal de Sarandí. Toda aquela espera valeu a pena: show no campo e show na arquibancada! Os espetáculos proporcionados pela torcida tricolor continuaram, conforme passavam os jogos do Campeonato Carioca e da própria Libertadores.

Até que chegou o grande dia da torcida tricolor: 21 de maio de 2008. Pela Libertadores, Fluminense e São Paulo digladiavam em campo, num daqueles jogos eternos. Os paulistas tinham a vantagem do resultado, pois haviam vencido no Morumbi por 1 a 0. Mas o Fluminense tinha a vantagem numérica! Éramos 70 mil fanáticos, dispostos a vencer ou perecer! Naquele dia, ou melhor, naquela noite, nós não saímos do Maracanã apenas roucos. Nós saímos roucos e surdos. Jamais na história uma torcida teve tamanha influência no destino da batalha. O poderoso São Paulo, tricampeão e tudo, não suportou a pressão e sucumbiu aos 47 do segundo tempo. Foi inesquecível.

Houve ainda os espetáculos contra Boca Juniors e LDU, com demonstrações de amor e fé inabaláveis. O troféu não veio, mas não há dúvidas de que a torcida tricolor o merecia. E ainda há de conquistá-lo. Pois, citando novamente o profeta: "Uma torcida não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva um imperecível estandarte de paixão".

Para completar a justificativa de minha escolha do personagem do ano, apresento dados numéricos. A média de público do Fluminense na Libertadores foi de 49.011 pagantes por jogo. Amigos, trata-se da maior média da história do torneio. Os idiotas da objetividade ainda me dizem: mas torcida não ganha jogo. Saibam eles que o Tricolor venceu todos os seus sete jogos no Maracanã. As outras torcidas podem não ganhar. Mas nós, amigos... nós ganhamos! E é por isso que eu escolhi a torcida tricolor como o meu personagem do ano de 2008.

PC

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Retrospectiva Esportiva 2008 - parte II

Continuando a retrospectiva esportiva de 2008, ainda falando dos Jogos Olímpicos de Pequim, vou agora comentar os destaques (positivos e negativos) entre os atletas brasileiros. Nosso país conseguiu um número recorde de medalhas, alguns tabus foram quebrados, mas também houve decepção. Vamos começar pelas coisas boas.

Como destaques positivos podemos destacar as inéditas medalhas individuais femininas, começando com o bronze da judoca Ketleyn Quadros, passando pelo bronze de Natália Falavigna no Tae-Kwon-Do, e chegando finalmente no ouro de Maurren Maggi no salto em distância. Esse ouro, aliás, veio como redenção após um período de trevas na vida da atleta, acusada de doping e afastada das pistas por dois anos, ficando ausente dos Jogos anteriores. Quem também se redimiu foram as meninas do vôlei feminino, após uma derrota impressionante nos Jogos de Atenas, elas deram a volta por cima e faturaram a medalha de ouro desta vez.

Outro destaque positivo foi a prata obtida pela seleção feminina de futebol. Tudo bem, vai, podia ter sido melhor, mas as meninas lutaram muito até o fim, e no seu único vacilo, as americanas transformaram o sonho em pesadelo. Mas como reclamar de um time que lutou, brigou, e cujo esporte não tem nenhum apoio? Essa prata teve gosto de ouro, tanto que, finalmente, foi criado um campeonato decente de futebol feminino no Brasil. Plagiando o Profeta Tricolor, “o Brasil foi o melhor time; se os fatos dizem o contrário, pior para os fatos”.

Mais destaques positivos: a medalha inédita das belas Fernanda Oliveira e Isabel Swann na vela. Pioneirismo total. E por falar em vela, outro destaque foi Robert Scheidt (junto com Bruno Prada). Ok, ok, também não foi ouro. Mas o cara mudou de categoria e continua entre os primeiros! É um gênio do esporte. E o que falar da atuação de César Cielo? Uma medalha de bronze e uma espetacular medalha de ouro, a primeira da natação nas Olimpíadas. Nem os monstros Fernando Scherer e Gustavo Borges alcançaram o feito. Sensacional!

Chegou a hora então de falar o que decepcionou nos Jogos. E olha que a lista é grande... vou começar pelo futebol masculino. Não posso dizer que a medalha de bronze é decepção total, ainda mais depois da entrevista que vi do grande Carlos Alberto Parreira, onde afirmou que a preparação do Brasil para a disputa das Olimpíadas foi nenhuma. Verdade pura. Como pode um time que não se preparou aspirar à medalha de ouro? Não pode. A decepção, portanto, foi a preparação do time para os Jogos de Pequim. Se continuarmos nesse rumo, o Ouro Olímpico continuará fora das prateleiras da CBF...

E o basquete? Feminino, é claro, porque o masculino não sabe o que é ir às Olimpíadas faz tempo... pior desempenho da história!

Outra decepção foi o vôlei de praia. No feminino, nem fomos ao pódio. Fato inédito desde a introdução do esporte nos Jogos Olímpicos. No masculino, éramos os maiores favoritos ao ouro, mas acabamos ficando com prata e bronze. Decepção total? Claro que não! Mas era um daqueles ouros certos, e que acabou escapando. E por falar em ouro certo, outra decepção foi a seleção masculina de vôlei, que dominou tudo durante os últimos anos e acabou ficando apenas com a prata. Apenas... pois é, a gente acaba ficando mal-acostumado, né? O samba em Pequim (ainda bem que não apostei!) ficou mesmo por conta das meninas.

Outra grande decepção brazuca nos Jogos foi o atletismo. Tirando o ouro da Maurreen, nenhuma outra medalha! Impressionante! Duas grandes promessas decepcionaram bastante: Fabiana Murer, no salto com vara foi prejudicada pela organização e não conseguiu sua medalha. Lamentável a organização do Maior Evento do Esporte Mundial simplesmente perder o material de uma atleta!

E no salto triplo? Jadel Gregório era franco-favorito ao ouro, mas nem ao pódio ele foi. Neste caso, problemas extra-pista, brigas com técnicos, preparação abaixo do esperado, tudo isso fez com que nosso atleta fosse uma das grandes “medalhas garantidas que não vieram”.

Pra terminar esse assunto desagradável, falta a ginástica. Nenhuma medalha. No feminino, Jade Barbosa não conseguiu bons resultados e isso acabou culminando em acusações de que a federação não dá o devido tratamento às lesões das atletas. Mas a grande decepção foi a queda de Diego Hypólito.

De todas as medalhas de ouro que dávamos como certas, essa era a mais certa de todas. Mas aqui vale destacar algo muito importante: Em momento algum a imprensa ou torcida brasileira massacrou o atleta com críticas quanto ao seu desempenho. Talvez tenham sido comovidos pelas lágrimas dele em rede nacional, se desculpando com o povo brasileiro; ou então por entender que foi uma fatalidade, que pode ocorrer com qualquer um a qualquer momento, e que escolheu justamente o momento mais importante para acontecer; ou ainda por reconhecer que a série que ele apresentava era, de longe, a melhor dentre todas as outras e que, se não fosse aquela queda, ele ganharia fácil, fácil. Mas está aí, então, um destaque positivo: a reação popular, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com a seleção masculina de futebol.

Espero não ter esquecido de nada. Ainda vou falar mais das Olimpíadas e dos demais fatos esportivos de 2008 que merecem destaque, mas isso deve ficar só para o ano que vem. Mas podem relaxar, que isso é só daqui a alguns dias. E podem ficar tranqüilos, que o post sobre as musas está a caminho.

Feliz 2009

rafs

Retrospectiva Esportiva 2008 - parte I


O final do ano é uma época repleta de tradições. Uma delas é a retrospectiva. Para não fugir do tradicional, vou, então, fazer uma série de posts-retrospectiva, voltados para o que aconteceu no mundo do esporte durante o ano de 2008. Bom, o mais importante fato esportivo do ano foram os Jogos Olímpicos de Pequim. Começarei por aqui então.

O primeiro post sobre esse tópico será dedicado aos grandes destaques dos Jogos Olímpicos, em âmbito internacional. Pretendo falar exclusivamente dos brazucas posteriormente.

Vamos começar pelo começo, ou melhor, pela abertura dos Jogos. Foi simplesmente fenomenal. Fenomenal, não, essa palavra traz más lembranças. Foi impressionante. A mistura de uma tradição e uma cultura milenares com a mais alta tecnologia fizeram um espetáculo belíssimo, que mostrou também a incrível capacidade do povo chinês de se organizar e realizar movimentos extremamente harmoniosos e precisos, tão precisos que poderiam ser atribuídos a máquinas. Mas o que importa mesmo são os esportes. Vamos a eles então.

Para mim, os Jogos de Pequim foram divididos em duas etapas, lideradas por dois grandes nomes, como dois impérios distintos, comandados por dois grandes reis. O primeiro império foi o das águas. O rei Micheal Phelps dominou a primeira semana dos Jogos, na sua luta para conquistar o maior número de medalhas de ouro em uma só edição das Olimpíadas. E os deuses do Olimpo o abençoaram com os louros dessa magnífica conquista. E como uma andorinha só não faz verão, Phelps teve ajuda preciosa de seus companheiros. Como não lembrar a épica prova do revezamento 4X100 livre, quando França e Estados Unidos disputavam braçada a braçada a prova? Como não lembrar o desempenho histórico de Jason Lezak, que conseguiu se recuperar e deixou Alain Bernard na segunda posição, desolado após uma não menos brilhante prova? E como não lembrar a reação mais do que eufórica do fenômeno, ou melhor, gênio das piscinas ao constatar a vitória de sua equipe, e sua própria, mantendo vivo o sonho dos oito ouros. Na verdade esse foi o único momento em que a conquista esteve ameaçada, já que as outras medalhas foram bem mais fáceis de serem conquistadas.

O segundo império foi o das pistas. Seu rei: o jamaicano Usain Bolt. O homem mais rápido da Terra. Ganhou também tudo o que podia nesses Jogos, e sem muito esforço! Foi impressionante sua chegada nos 100 metros, praticamente brincando para as câmeras. E batendo o recorde mundial!!! Aliás, se um dos deuses do Olimpo o representa com precisão, este deve ser Baco, o mais fanfarrão dos deuses, o Bolt sabe muito bem como chamar atenção para si. Cheio de marra e carisma, o jamaicano dominou a segunda metade dos Jogos Olímpicos de Pequim.

Ainda nas pistas, não posso deixar de citar a musa russa Yelena Isinbayeva. Não só pelo seu desempenho extraordinário, mas também pela sua estonteante beleza.

Mas muito mais aconteceu nessas Olimpíadas. Não só tivemos reis, mas muitas rainhas. E que rainhas... Em um dos posts futuros, recheado de fotos, pretendo escrever sobre todas seguidoras de Afrodite que participaram dos Jogos.

Abraços e Feliz 2009!

rafs

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Fla-Flu de 1983


Amigos, a data é 11/12/1983. O estádio é o Maracanã. E o personagem é Assis.

Disputavam o triangular final do Campeonato Carioca Fluminense, Flamengo e Bangu. O Tricolor empatara com o Bangu no primeiro jogo, uma semana antes: 1 a 1. Uma vitória praticamente levaria o troféu para Álvaro Chaves. Um empate ou uma derrota deixariam a decisão do título para Flamengo e Bangu.

83.713 fanáticos escorriam pelas paredes do Estádio Mário Filho. Os vivos, os doentes e os mortos subiram as rampas. Os vivos saíram de suas casas, os doentes de suas camas, e os mortos de suas tumbas. Porque Flamengo e Fluminense precisavam de número, e protagonizariam o maior espetáculo da Terra.

O zero a zero persistia teimosamente no placar, eliminando o pó-de-arroz. Tricolores já choravam nas arquibancadas. Alguns até já desciam as rampas. Até que, aos 45 minutos do segundo tempo, a bola sobrou com Delei no meio-de-campo, pelo lado direito. Ele executou o lançamento primoroso, e o tempo parou. Sim, amigos, o tempo parou. As 84 mil testemunhas, os 22 jogadores, o juiz Arnaldo César Coelho, os bandeirinhas e a bola, todos eles, pararam.

Quando o tempo voltou a transcorrer, Assis dominou a bola e partiu em direção aos arcos rubro-negros, defendidos por Raul Plasmann. Amigos, aquela era mais que a bola do jogo: era a bola de todo um campeonato! E o atacante tricolor soube aproveitá-la: um leve toque de canhota, rasteiro, e a pelota estufou o canto direito das redes flamengas. Era o gol do título! Explosão de alegria nas três cores que traduzem tradição! Festa tricolor no Maracanã!

E quem poderia ser o personagem do jogo, senão Assis? Benedito de Assis da Silva, atacante de recém-completados 31 anos, entrou, naquele instante mágico, para a vasta galeria de ídolos do Fluminense Football Club. Porém, todo o time, comandado por Carbone, merece ser lembrado: Paulo Victor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei, Leomir e Assis; Washington e Paulinho.

No jogo seguinte, o Flamengo venceu o Bangu, e a torcida tricolor pôde finalmente comemorar o título. Um ano depois, Assis novamente faria história no Fla-Flu. Mas isso é assunto para outro texto. Até lá!

PCFilho




terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Anapolina, do Serrano

Em 1980, o Fluminense havia vencido a Taça Guanabara, e encararia o vencedor do segundo turno na finalíssima do Campeonato Carioca. Tudo indicava que o Flamengo faria a final com o Tricolor. O rubro-negro possuía um grande time, que incluía Júnior e Zico, entre outros, e era o campeão brasileiro do ano. Faltando três rodadas, o Flamengo tinha um ponto a mais que o Vasco. Assim, só dependia de seus próprios esforços para ir à final. Nessas condições, o rubro-negro foi a Petrópolis encarar o Serrano, no Estádio Atilio Marotti. Quinze mil flamenguistas estavam presentes, empurrando o mais querido contra aquele quadro de jogadores desconhecidos. Eis que, aos 19 minutos do primeiro tempo, um desses jogadores desconhecidos fez 1 a 0 para o Serrano. O ponta-esquerda Anapolina era o segundo reserva, e só estava jogando por causa da venda do titular e da lesão do primeiro reserva.

No intervalo, a massa rubro-negra acreditava na virada. Afinal, Zico & Cia não perderiam para aqueles semi-amadores nem se quisessem! Começou o segundo tempo e, amigos, o que se viu foi o maior bombardeio da história do futebol. A cada minuto, o Flamengo chutava pelo menos uma bola ao gol. Porém, a pelota sempre voltava. O goleiro do Leão da Serra fechou o gol. "Não entrava nem pensamento", dizem as testemunhas da partida, mordidas de nostalgia. E, para incredulidade geral, o placar final foi esse mesmo: Serrano 1, Flamengo 0.

E quais foram os destinos dos personagens dessa batalha épica? O herói Anapolina, posteriormente, declarou que é rubro-negro. Sua carreira nunca decolou, apesar da fama que obteve na época. E o goleiro? Quem era aquele ilustre desconhecido debaixo das traves do Serrano?

Amigos, o nome do goleiro é Acácio. Dois anos depois, ele se transferiria para o Vasco da Gama, onde faria uma brilhante carreira. Chegou à Seleção Brasileira, sendo reserva na Copa do Mundo da Itália, em 1990. Em 1988, Acácio ficou 879 minutos consecutivos sem sofrer um gol, no Campeonato Brasileiro - um recorde que apenas três goleiros já superaram. Em 1989, foi o goleiro titular do Vasco na conquista do Campeonato Brasileiro.

A derrota acabou com o sonho do tetra-campeonato do Flamengo (o clube se considera tri-campeão de 1978 e 1979, alegando que em 1979 foram disputados dois campeonatos). O Vasco foi à final, e acabou perdendo para o Fluminense: gol de Edinho, de falta, com a colaboração de João de Deus. Mas isto já é assunto para outro texto...

sábado, 13 de dezembro de 2008

O quinto dos infernos rubro-negro

Amigos, estava escrito desde o dia três de julho de dois mil e oito: o Flamengo terminaria o Campeonato Brasileiro de 2008 em quinto, uma posição abaixo da zona da classificação à Libertadores de 2009. Nesse dia, o seguinte à final da Libertadores, eu vi um mar de camisas rubro-negras invadir as ruas do Rio de Janeiro. Eram os flamenguistas comemorando a derrota do Fluminense para a LDU. Eu particularmente não entendi tanta alegria estampada nos rostos da urubuzada. Que tempos tenebrosos vive o clube da Gávea. Antigamente, sua enorme torcida se alegrava com as próprias glórias. Hoje, se apequena, transformando o Flamengo numa filial de clube equatoriano.

Observando os sorrisos dos flamenguistas naquele dia, eu tive a visão: o Flamengo terminaria em quinto lugar, o quinto dos infernos rubro-negro. Os deuses do futebol não gostam do espírito anti-esportivo. Acontecesse o que acontecesse, o rubro-negro terminaria em quinto, e perderia a vaga na Libertadores por um triz. Escrevi isso aqui na época, porque eu tinha certeza. E aconteceu exatamente conforme o previsto. Por um ponto, o Flamengo está fora. Agora, terão que amargar um 2009 sem jogar a principal competição do continente. Justo eles que sonhavam com a terceira participação seguida!

Para piorar o dissabor flamengo, o Fluminense terminou o Brasileirão exatamente na última vaga para a Sul-Americana. Assim, mesmo com uma campanha pior, o Fluminense teve exatamente a mesma recompensa do Flamengo. Ouvi de um amigo urubu: "melhor assim que se vocês tivessem vencido a Libertadores". Pelo visto, o pobre coitado não aprendeu a lição.

A única felicidade dos flamenguistas nesse fim de ano foi o rebaixamento do Vasco. Para uma torcida que vive da desgraça alheia, está de bom tamanho.

Feliz 2009, nação rubro-negra! (Rezem para o Fla não enfrentar o Tricolor nas competições de mata-mata. Assis, Renato Gaúcho e companhia mandam lembranças!)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Até breve, Thiago



Assim que terminou a rodada, começaram a me cobrar: "escreva sobre o rebaixamento do Vasco! escreva sobre o vexame do Flamengo! escreva sobre o título são-paulino!". Não, não, e não. Amigos, só posso escrever sobre o fato mais importante de toda a rodada: o emocionante adeus de Thiago Silva no Maracanã. Dirão os idiotas da objetividade, "nem lerei o texto". Amigos, perdoemos essas criaturas: eles não sabem que futebol é paixão, é emoção, é amor.

Sabem qual foi o maior público da última rodada do Brasileirão? Sim, amigos, foi o do Maracanã! 51.172 tricolores compareceram ao Maior do Mundo, com um único objetivo em mente: homenagear o grande zagueiro que se despedia das três cores que traduzem tradição. Ídolo? Sim, ídolo. Aos 24 anos, esse rapaz conquistou o seu espaço no coração de todo tricolor. Vejam a prova cabal disso: o estádio mais cheio da última rodada foi o Maracanã, mesmo em um jogo que valia, teoricamente, bem menos que os outros. Tudo pela despedida do Monstro.

Antes de tudo, preciso dizer que vi grandes jogadores vestirem a camisa do Fluminense. Em vídeos antigos, eu vi Assis, Washington, Romerito, Rivellino, Castilho, Carlos Alberto Torres, Didi, e muitos outros. Ao vivo, eu vi Renato Gaúcho, Romário, Marcão. Também vi o brilhante time de 2008: Fernando Henrique, Luiz Alberto, Roger, Júnior César, Arouca, Conca, Thiago Neves, Dodô, Washington, Gabriel, Cícero. E Thiago Silva, é claro. Eu vi Thiago Silva.

Thiago Silva é um zagueiro extraordinário - é o tipo de jogador que eu gosto de ver com a camisa tricolor. Incorpora o espírito de lutador como poucos. Não me lembro de nenhum jogo em que ele não tenha jogado com garra! Sua maturidade, sua compenetração e seu senso de responsabilidade são impressionantes. Ele não gosta de aparecer, joga para o time, joga sério! A torcida tricolor te considera uma verdadeira muralha, Thiago!

Na volta do intervalo, o Monstro caminhou em direção à torcida, e não conteve as lágrimas. Nas arquibancadas, 50 mil fanáticos também choravam. Lembramos da sua história de luta contra a tuberculose, da sua força de vontade, da sua superação. Lembramos de quando Thiago erra uma jogada em campo, e corre atrás como um leão para recuperar a bola. Em campo, ele é um guerreiro incansável, que como poucos vestiu de forma tão esplendorosa a camisa tricolor. Obrigado por toda essa dedicação, Thiago Silva!

Nós tricolores sentimos muito carinho por cada um dos ídolos acima citados. Mas com Thiago Silva é diferente. Ontem, na arquibancada amarela do Maracanã, tive a sensação de que ele é maior que os outros. É impossível expressar com palavras o que sinto ao ver Thiago Silva em ação com a camisa tricolor. Acho que era o que meu pai, rubro-negro, sentia ao ver Zico em campo. Talvez seja o que meu tio botafoguense sentia ao ver Garrincha.

Certa vez, Thiago Silva disse que o jogador precisa fazer seu pé-de-meia, mas que quando vestia a camisa tricolor, ele jogava com amor. Nós tricolores sabemos disso, pois sentimos esse amor quando ele está em campo. É por isso que temos certeza: logo, ele vai voltar!

Com lágrimas nos olhos, despeço-me. Obrigado, Thiago Silva! E até breve...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A penúltima rodada

Eletrizante. Amigos, esse é o melhor adjetivo para caracterizar a penúltima jornada do nosso longo campeonato. Escreverei um pouco sobre cada um dos jogos dos times cariocas.

O Botafogo fez o que se esperava dele: perdeu, mesmo jogando em casa. O alvinegro tem sido tão apático, tão displicente, que não se pode esperar outro resultado da equipe, que não a derrota. É deprimente e melancólico o fim de ano botafoguense.

O Flamengo foi beneficiado pelos tropeços de Cruzeiro e Palmeiras, na briga por uma vaga na Libertadores. Uma vitória sobre o Goiás, no Maracanã, colocaria o rubro-negro com grandes chances de conquistar a cobiçada vaga. E o que fez o quadro da Gávea, amigos? Fez 1 a 0, com Obina, e logo depois fez 2 a 0, com Juan. Não satisfeito, meteu logo o terceiro, com Obina de novo. Que início avassalador! Porém, para tristeza da massa flamenguista, o mais querido entregou o ouro. Deixou que os goianos fizessem 3 a 1, depois 3 a 2, e depois 3 a 3. Inacreditável! Agora, ficou improvável a classificação ao principal torneio do ano que vem...

O Vasco da Gama, desesperado na difícil luta contra o rebaixamento, fez a parte dele. Foi a Curitiba, venceu o Coritiba por 2 a 0, e voltou do Couto Pereira com os três pontos. Porém, todos os outros resultados foram desfavoráveis, e só um milagre salva o Gigante da Colina da Segundona. Justamente no ano em que botou Eurico Miranda para fora, o centenário clube da cruz-de-malta não merecia tamanho castigo. À torcida, resta acreditar no improvável. Futebol só acaba quando termina, já diz o ditado.

O Fluminense fez sua parte. Praticamente livre de qualquer ameaça, foi ao Morumbi apenas para defender sua honra. O Tricolor jamais entrará em campo com outro objetivo que não a vitória. E foi o que fez ontem, com brilhantismo. O São Paulo estava com tudo pronto para a festa do tri - ou do hexa, como queiram. Mas o Pó-de-arroz estragou tudo. Com grande atuação de Thiago Silva - o craque deste campeonato - o Flu merecia vencer, mas acabou saindo do Cícero Pompeu de Toledo com um empate. Como bem disse o treinador René Simões, o jogo foi a prova de que o Fluminense é um dos melhores times do campeonato, e deveria estar na briga pelo caneco. Infelizmente, a priorização da Libertadores impediu que isso acontecesse.

A última rodada promete fortes emoções. O Vasco pode cair, o Flamengo pode ir à Libertadores... Mas, para mim - Tricolor nato, hereditário e confesso - o mais importante acontecerá no sábado. Fluminense x Ipatinga marcará a despedida de Thiago Silva - o melhor jogador que eu vi envergar o glorioso manto Tricolor.

PC

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O Grenal do século

O Campeonato Brasileiro de 2008 está para acabar, e o Internacional está a um passo de conquistar a Copa Sul-Americana. Esses dois fatos me motivaram a escrever um texto sobre o maior Grenal de todos os tempos. Há quase 20 anos...

No dia 12 de fevereiro de 1989, Grêmio e Internacional se enfrentaram em Porto Alegre. O Estádio Beira-Rio estava completamente lotado (78.083 pagantes), para o segundo jogo da semifinal do Campeonato Brasileiro de 1988. O Inter chegara à semifinal após passar pelo Cruzeiro, e o Grêmio eliminara o Flamengo. A primeira batalha foi no Olímpico, e terminou 1 a 1. Assim, a melhor campanha do Colorado permitia-lhe empatar após tempo normal e prorrogação.

Um Grenal é sempre emoção, do início ao fim. Quando eram contados 25 minutos do primeiro tempo, o tricolor gaúcho explodiu em êxtase: gol de Marcos Vinícius. A torcida gremista, minoria no Beira-Rio, começou a sua festa. A comemoração aumentaria aos 38 minutos, quando Arnaldo César Coelho expulsou o colorado Casemiro. O Internacional, que antes do jogo parecia um gigante imbatível, via suas chances de chegar à final cada vez mais reduzidas.

Amigos, vejam que ironia do destino: o técnico do Grêmio era Rubens Minelli, que havia conquistado o bicampeonato brasileiro pelo Inter, em 1975 e 1976. Justo ele tiraria do Inter a chance de disputar o tetra! No comando do Colorado, estava Abel Braga. Ele tinha a dura missão de fazer o time empatar, com um jogador a menos, no segundo tempo.

Falta perigosa para o Inter, aos 16 do segundo tempo: Edu na bola! Os microfones à beira do campo captam o grito de Mazarópi, goleiro gremista: "Cuidado com o Nílson! Marcação cerrada nele, porra!". Bola alçada na área, e Nílson sobe sozinho. Ele desfere uma cabeçada mortal, um verdadeiro chute com a cabeça. 1 a 1, e o Beira-Rio explode com o urro colorado: GOL! Estava empatada a peleja.

Agora, era o tricolor gaúcho que tinha a obrigação de marcar um gol. E, partindo para cima do rival, abria espaços para os contra-ataques, mesmo jogando com um a mais. Um desses contra-golpes foi fatal. Maurício rabiscou a defesa pela direita e chutou. A pelota passou por Mazarópi, mas se encaminhava para a linha de fundo. Eis que, por trás da zaga, surge o carrasco Nílson! Ele escora para o gol. 2 a 1 Inter, e a vaga colorada na final assegurada.

Assim foi o Grenal do século. Mesmo com um a menos, o Internacional conseguiu modificar o destino da batalha. Mais uma vez, o futebol nos ensinou: não devemos desistir nunca.

Na outra semifinal, o Bahia venceu o Fluminense. Na final, o tricolor baiano bateu o Inter e sagrou-se campeão brasileiro. Maurício, autor da jogada que resultou no segundo gol de Nílson, se transferiu para o Botafogo. Meses depois, ele faria o gol do título carioca, em cima do Flamengo. O tento ficou famoso, porque acabou com o jejum do alvinegro carioca, de 21 anos sem títulos.

PC

domingo, 23 de novembro de 2008

Personagem do fim de semana - Washington

Amigos, chega o fim do domingo e, como sempre, eu me pergunto: quem será o meu personagem do fim de semana?

O jogo mais dramático da rodada foi, sem dúvidas, Vasco 1 x 2 São Paulo. Porém, não vejo na batalha de São Januário nenhum nome iluminado que tenha modificado o destino da batalha. Os são-paulinos vibram, pois, com a derrota do Grêmio, praticamente asseguraram o tri. Os vascaínos lamentam, pois a queda para a Segundona parece iminente. Entretanto, alerto aos cruzmaltinos: não se deve desistir nunca. O Fluminense nos ensinou isso no primeiro semestre, durante a épica campanha na Libertadores.

Outro confronto carregado de emoção foi Cruzeiro 3 x 2 Flamengo. Os mineiros fizeram 1 a 0 com Fernandinho. Os cariocas empataram com Ibson, de cabeça. A equipe celeste, então, marcou 2 a 1, com Thiago Ribeiro. O rubro-negro, com seu ímpeto característico, não desistiu e empatou novamente, com gol do folclórico Obina. E coube a Ramires fazer o gol da vitória cruzeirense. O Flamengo não empataria mais. Nunca mais. Tampouco nesse confronto vi um personagem de destaque.

No jogo do Beira-Rio (Internacional 0 x 2 Fluminense), nesse sim, houve um grande nome. O jogo estava 1 a 0 para o Fluminense, gol de Romeu, em belo chute de fora da área. Eis que, numa disputa de bola, o zagueiro colorado pisa na bola, e ela sobra para Washington. O Coração Valente dribla o goleiro e chuta... para fora! O lance deveria ser imediatamente enviado ao quadro "Bola Murcha", em que são mostradas as grandes pixotadas do futebol amador Brasil afora. Sim, Washington protagonizou uma jogada típica de uma pelada, como aquelas disputadas acirradamente no Aterro do Flamengo.

Observo que, na mesma batalha, o Coração Valente Tricolor foi capaz de cobrar o pênalti com uma categoria digna de um Pelé, sem chances para o goleiro Lauro, do Internacional. E é por isso que eu elevo Washington Stecanela Cerqueira, novamente, à ilustre posição de personagem do fim de semana. No futebol atual, somente ele é capaz de aliar tamanhas pixotadas a grandes demonstrações de categoria. Ele é o Waldo dos novos tempos: perde gols aos borbotões, mas também marca gols aos borbotões. Quanta versatilidade possui o artilheiro do Fluminense!

PC

Acabo de inaugurar minha Lista Negra

Caros leitores, hoje não vou escrever muita coisa. Para evitar poluir esse brilhante blog com palavrões e também como forma de protesto, deixo apenas registrada minha revolta contra a não marcação de um pênalti mais claro que a operadora do meu celular pelo senhor Carlos Eugênio Simon. Não bastasse isso, ainda expulsou o nosso Capitão após o término da partida.
O jogo entre Flamengo e Cruzeiro foi emocionante, e várias vezes a vantagem na tabela mudou de mãos.
Paro por aqui. PC, desculpe por todas as vezes que falei que você chorava demais pelos erros da arbitragem. Hoje senti na pele.
Faço minhas as palavras do Fábio Luciano: Como pode um árbitro com tamanha experiência ter medo do Mineirão?

rafs

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Há 20 anos

Hoje é dia 18 de novembro, e há dois dias, conforme bem escreveu nesse espaço o Rafael, Flamengo e Palmeiras se enfrentaram no Maracanã, e o rubro-negro venceu por 5 a 2, em grande tarde de Ibson e Kléberson. Vou contar aqui a história de um outro Flamengo x Palmeiras, com um final diferente e épico.

Há exatos 20 anos, no Campeonato Brasileiro de 1988, Flamengo e Palmeiras protagonizaram um jogo inesquecível no Maracanã. No estranho sistema daquele campeonato, a vitória valia três pontos (na época, o normal era valer dois). Se houvesse empate, cada time ganhava um ponto, e um ponto extra era decidido nos pênaltis.

O Flamengo, comandado por Zico e Bebeto, com Telê Santana de técnico, jogava muito melhor. No Palmeiras, o então garoto Zetti vivia seu segundo ano como goleiro profissional, e vinha tendo grande atuação, salvando a equipe alviverde.

No início do segundo tempo, as coisas ficaram piores para o Palmeiras: o lateral Denys foi expulso após jogada violenta. Porém, a zebra alviverde resolveu passear no Estádio Mário Filho: o ponta Mauro, em jogada de bola parada, estufou as redes flamengas: 1 a 0.

O rubro-negro, com um a mais, foi com pressão total ao ataque, em busca do empate. O Palmeiras resistia bravamente. Eis que, aos 44 do segundo tempo, acontece o lance que mudaria a história do jogo: Zetti fratura a tíbia, ao se chocar com Bebeto. As duas substituições a que o Palmeiras tinha direito já haviam sido realizadas. (apenas duas substituições eram permitidas nesses velhos tempos)

O centroavante Gaúcho, então, foi para debaixo das traves. Com dois a menos na linha, e um atacante no gol, o quadro paulista não resistiu: Bebeto empatou. O jogo foi para os pênaltis - o goleiro do Verdão seria Gaúcho. O atacante alviverde disse aos repórteres, antes da disputa: "vou pegar, e nós vamos ganhar".

Os idiotas da objetividade diziam: "acabou, a vitória é do Flamengo". Amigos, eis por quê eu os qualifiquei de idiotas. O zagueiro rubro-negro Aldair partiu para a bola e - pasmem! - Gaúcho voou e defendeu! Porém, o meia Bandeira, do Palmeiras, desperdiçou sua cobrança. Gaúcho converteu a sua, e voltou para o gol. O flamenguista Zinho chutou e - milagre! - Gaúcho voou e defendeu de novo! O alviverde paulista venceu o rubro-negro carioca, em plena disputa de pênaltis, com um atacante no gol! Um autêntico Maracanazo!

Vários personagens desse jogo voltariam à tona nos anos seguintes. O herói palmeirense, Gaúcho - quem diria! - seria campeão brasileiro pelo Flamengo, em 1992. Os rubro-negros Aldair, Leonardo, Bebeto e Zinho e o palmeirense Zetti estariam no elenco que conquistaria a Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994.

PC

domingo, 16 de novembro de 2008

Feliz Aniversário, Mengão!!!

Alô Nação Rubro-Negra! Que belo presente recebemos hoje!!!

No fim-de-semana em que o Mais Querido do Brasil completa 113 anos, fomos agraciados com uma vitória maiúscula sobre o Palmeiras, daquelas que ficam gravadas na história do confronto.

Destaque para o meio-campo do Flamengo, mais uma vez composto por quatro jogadores terminados em “on”: Kléberson, Ibson, Aírton e Jaílton. Tudo bem, na verdade o Jaílton joga como terceiro zagueiro, e o meio é completado pelos alas Juan e Léo Moura, mas eu não podia perder a piada. E o placar foi tão dilatado graças ao meio-campo.

Enfim funcionou a dupla formada pelos filhos de Kleber e de Ib! Pela primeira vez no campeonato os dois jogaram bem numa mesma partida, e presentearam a torcida com um show de bola, com direito a três gols do camisa sete, sendo um deles encobrindo São Marcos, com a bola morrendo na gaveta, e outro de letra! Uma pintura.

Mas não foi só isso que determinou o placar. O meio-campo alviverde não jogou. E deixou o Flamengo jogar. Assim fica mole! Eles até tentaram engrossar um pouco a partida, mas os dois golzinhos palmeirenses só engrandeceram ainda mais a vitória do Mengão.

Outro fator que acho que foi decisivo foi a agressão sofrida pelo técnico rubro-negro do Palmeiras por um bando de pseudo-torcedores antes mesmo de deixarem as terras paulistanas. O técnico estava visivelmente abalado, e acho que isso contribuiu para o fraco desempenho do time.

Vou fazer como o meu companheiro de blog e eleger um personagem para o jogo. Ibson? Kléberson? Não! Escolho o nosso técnico, Caio Júnior. Eu mesmo já o critiquei algumas vezes, mas sou um dos poucos flamenguistas que conheço que apóiam plenamente o seu trabalho. Ele está muito certo em pedir que seja mais valorizado, pois temos o segundo melhor ataque da competição sem um matador no time. Fiquei muito feliz ao ouvir a torcida fazer o que ele havia sonhado: gritar seu nome (sem a palavra “burro” logo depois).

Assim como o nobre colega afirmava na primeira metade do ano, eu também afirmo agora: EU ACREDITO! Já nem ligo mais para o G4 inferior da tabela, se Vasco ou Fluminense vão ouvir as piadinhas sobre a diferença entre eles e o Faustão ou não. Prego a união dos times cariocas contra os paulistas! Que Vasco e Fluminense consigam derrotar o virtualmente imbatível São Paulo. Só assim para sermos campeões, mas repito: Eu acredito!

Próxima final será contra o Cruzeiro, que levou uma chinelada do Náutico e agora está mais aflito que o próprio Timbu. Espero que o Fla mantenha o mesmo espírito do jogo de ontem, e a Raposa mantenha o do jogo de ontem. Aliás, até os placares poderiam ser mantidos: Flamengo vencendo por 5 a 2, Cruzeiro perdendo por 5 a 2. Tomara...

Curiosidade: o Flamengo foi fundado no dia 17 de novembro de 1895. Mas a data foi mudada para 15 de novembro, para “aproveitar” o feriado, por isso o aniversário do clube é comemorado no dia 15.

rafs

Maicon e Tartá

Amigos, quem poderia ser o meu personagem desse fim de semana? Candidatos não faltam...

Poderia ser o tenista sérvio Novak Djokovic, que arrasou o russo Nikolay Davydenko na final da Copa do Mundo de tênis, em Shanghai. Porém, já escrevi sobre tênis aqui, e nada tenho mais a dizer sobre isso.

Poderia ser a torcida do Fluminense. 42 mil fanáticos foram ao Maracanã, em pleno sábado de sol, dispostos a vencer ou perecer. E venceram, tendo decisiva participação na virada Tricolor. Porém, seria repetitivo demais de minha parte continuar elogiando a torcida mais apaixonada do mundo.

Poderia ser uma torcedora em particular: minha amiga Maria Isabel, que assistiu ao jogo comigo, na arquibancada amarela à esquerda das cabines de rádio. Também ela, com seus 100% de aproveitamento em 2008, teve influência decisiva no destino da batalha.

Poderia ser o técnico René Simões, que mudou o time pó-de-arroz no intervalo. O quadro, que foi apático para o vestiário, retornou eufórico para o segundo tempo. Jogou com garra, com determinação, com o élan característico dos times vitoriosos. As substituições do sósia do Super Mario mudaram o Tricolor!

E é exatamente por isso que são eles os meus dois personagens do fim de semana: Maicon e Tartá. Os garotos entraram em campo com uma vontade e um ímpeto inexcedíveis. Corriam feito coelhinhos de desenho animado! Driblavam com tanta rapidez que os jogadores da Portuguesa não conseguiam nem ver a cor da bola. O placar, mesmo com sua frieza característica, já diz tudo: quando os garotos entraram em campo, estava lá "Fluminense 0, Portuguesa 1"; no fim do jogo, estava lá "Fluminense 3, Portuguesa 1". Os três gols tricolores começaram nos pés de Maicon. No primeiro, Washington desencantou, após passe de Maicon. No segundo, Tartá aproveitou o rebote do goleiro, em chute de Maicon. No terceiro, foi Romeu que emendou para o gol, após passe de Maicon. Até na entrevista pós-jogo, Maicon deu show: "Isso é Fluminense", disse o craque, com toda a razão.

Os idiotas da objetividade não concordarão com o que escreverei a seguir. Mas, diante dessa atuação nota 10 do menino Maicon, sou obrigado a dizer: ele tem grande futuro. Se repetir atuações antológicas como as de ontem, logo vai envergar a camisa amarela do escrete. Se dependesse de mim, já chamaríamos o garoto para o jogo de quarta-feira, contra Portugal, em Brasília. Ele ainda nos dará glórias e vitórias mil, anotem o que estou dizendo!

PC

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O mito Federer

Amigos, o que se viu hoje em Shanghai não foi uma simples partida de tênis. Tivemos o privilégio de assistir à luta de um herói, uma lenda, um mito. Ele se chama Roger Federer.

Há quem diga que já passou a época do suíço. De fato, ele não é mais o número 1 do mundo. Mas o que Federer fez hoje demonstra que ele está acima de qualquer ranking, de qualquer estatística, de qualquer número!

Vocês leitores devem estar pensando: ele está maluco, o Federer perdeu... Realmente, perdeu. Infelizmente, perdeu. Em uma exibição consistente, Andrew Murray derrotou o suíço por 2 sets a 1. Porém, a frieza do placar não mostra o que foi o grande duelo. O escore esconde atrás de si toda a dramaticidade do confronto.

No primeiro set, o suíço quebrou duas vezes o serviço de Murray, e venceu com facilidade: 6 a 4. Trata-se de um grande feito, pois o britânico vem jogando muito bem. Mas esse foi apenas o começo, o prólogo, da saga de Roger Federer hoje.

No segundo set, o britânico foi muito bem. Quebrou duas vezes o serviço de Federer, e abriu 5 a 2, com o saque a favor. Qualquer um, no lugar do suíço, teria jogado a toalha: o set estava perdido. Será que estava mesmo? Em três games espetaculares, Federer materializou o milagre: 5 a 5! Mesmo após a reação espetacular, Murray conseguiu vencer o set, no tie-break.

O terceiro e decisivo set foi de uma dramaticidade inesquecível. A batalha do set anterior doía no corpo de Federer, que pediu atendimento médico por duas vezes. Quando Murray abriu 3 a 0, a platéia viu que o suíço não conseguiria mais prolongar a batalha. Ou melhor, não conseguiria fosse ele um ser humano como outro qualquer. Mas ele é Federer. Visivelmente lesionado, o suíço novamente fez o que parecia impossível. Duas quebras seguidas, e 4 a 3 no placar do set! Confesso que fiquei assombrado. Era difícil acreditar no que meus olhos viam. Mas Murray é um tenista fantástico, e se aproveitou de um deslize de Federer para quebrar seu serviço e fazer 4 a 4. O britânico confirmou o saque em seguida, fazendo 5 a 4.

Federer sacava sem poder errar: se ele não confirmasse o seu serviço, Murray venceria. Por incríveis sete vezes nesse game, o britânico teve o match point. E, nas sete vezes, o heróico suíço salvou a partida. Por sete vezes - eu disse sete! - a partida esteve por um fio, e nas sete vezes Roger Federer evitou a derrota. O que o suíço fez nesse game não se faz - é pior do que xingar a mãe. Após finalmente confirmar o serviço, Federer não conseguiu quebrar o saque de Murray, e o placar foi a 6 a 5. No décimo-segundo game, o mito não resistiu e capitulou.

Apesar da derrota, Roger Federer viveu o seu grande dia. Daqui a duzentos anos, os chineses dirão, mordidos de nostalgia: aquela partida do Federer...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Sujeira no futebol brasileiro


Amigos, o texto de hoje é daqueles que geram muita polêmica: vou escrever sobre a sujeira existente nos bastidores do futebol brasileiro. Começo com a questão das arbitragens: fui especialmente motivado por uma reportagem do site globoesporte.com, que publicou uma tabela fictícia, a qual mostra como estaria o campeonato caso os juízes não tivessem cometido erro algum. Eu forneceria o link aqui, mas a reportagem citada foi estranhamente removida uma hora após a publicação. A censura voltou e eu não sabia? [Nota: uma amiga tirou o print screen, exposto acima.]

Quando reclamei, aqui mesmo nesse espaço, dos seguidos erros cometidos contra o Fluminense, fui tachado de "chorão". "Pára de reclamar, os juízes erram para os dois lados", me diziam alguns. Pois bem, e o que nos disse a referida tabela? Ora, ela nos disse o óbvio ululante! O Tricolor é, disparado, o clube que mais foi garfado durante o certame. Exatamente como eu vinha escrevendo aqui.

De acordo com a análise do globoesporte.com, dez pontos nos foram levados pelos juízes ladrões. DEZ PONTOS! Esses dez pontos catapultariam o Pó-de-arroz para a décima posição na tabela, seis lugares acima do nosso posto atual. Já estariamos livres da patética ameaça de rebaixamento. Disse "patética" e repito: "patética". Sim, "patética". Não há outro adjetivo que defina melhor essa ameaça que tanto atormenta a vida dos Tricolores. O Fluminense é um time que foi o melhor da América no primeiro semestre; um time que jogou as oito primeiras rodadas com os garotos do time júnior; um time que emprestou seus dois melhores jogadores para a Seleção, durante mais de um mês; um time que foi o mais garfado do campeonato, até mesmo na opinião da imprensa que tantas vezes se mostrou anti-tricolor. Qualquer apreciador do bom futebol não pode achar justo um possível rebaixamento desse time.

Voltando à questão da arbitragem: uma amiga me cochicha ao pé do ouvido que, no ano passado, semelhante tabela também foi produzida. Ela me diz, com o olho rútilo e o lábio trêmulo: "Adivinhe qual foi o time mais garfado do ano passado". Eu adivinhei. Você, leitor, também já deve saber a essa altura. Torcida Tricolor, pode comemorar: somos bi-campeões! A pergunta que não quer calar é: por quê isso? Por que o Fluminense é muito mais prejudicado que beneficiado, ano após ano? Por que nós temos que sofrer com os seguidos erros de arbitragem, sempre contra nós?

Vamos ao outro lado dessa perversa tabela. Quem são os mais beneficiados? São Paulo, Palmeiras e Santos - os três clubes grandes paulistas! Coincidência demais para o meu gosto. Logo depois, vem o Flamengo, clube do qual eu falo a seguir.

Essa semana, ocorreram fatos estranhos nos bastidores do clássico Botafogo 0 x 1 Flamengo. Tudo começou com a transferência do jogo do Engenhão para o Maracanã. Eu mesmo escrevi aqui, após o Botafogo 1 x 1 Fluminense, que o Engenhão não oferecia condições de segurança para abrigar um clássico. Porém, eu queria saber por que o Flamengo foi o único clube beneficiado por dona CBF com a transferência do jogo. Vasco e Fluminense foram prejudicados, pois tiveram que atuar como visitantes no moderno porém acanhado Estádio Olímpico. Não bastasse isso, adivinhem quem foi o juiz escalado para o jogo! Marcelo de Lima Henrique, que errou clamorosamente a favor do Flamengo, contra o Botafogo, numa decisão de turno do Campeonato Carioca desse ano. O árbitro foi mantido, mesmo após as reclamações veementes da diretoria alvinegra. O que aconteceu no clássico? Meus leitores são inteligentes e já sabem. Já no primeiro minuto, o juiz ladrão ignorou um pênalti claro do rubro-negro Bruno no alvinegro Jorge Henrique. No final da partida, em um lance parecidíssimo, o juiz marcou a penalidade para o Flamengo.

Cabe recordar que, já no ano passado, o Flamengo foi beneficiado com adiamento de jogos e inversões de mando de campo, durante os Jogos Pan-Americanos. Enquanto isso, Fluminense e Botafogo foram obrigados a mandar seus jogos em outros estados. No final do campeonato, com uma seqüência surreal de jogos em casa, o Flamengo conseguiu a arrancada rumo à vaga na Libertadores.

Atirei as sujeiras do futebol tupiniquim no ventilador. Aguardo vossos comentários.
PC

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Washington

Amigos, o personagem escolhido por mim nesse fim de semana é Washington Stecanela Cerqueira. O Coração Valente, do Tricolor, teve mais uma atuação patética no domingo.

Washington usou e abusou do direito de perder gols. Há alguns dias em que ele é uma máquina de fazer gols, e há outros dias em que ele é uma máquina de perder gols. No Mineirão, diante do Cruzeiro, ele foi uma máquina de perder gols. Infelizmente para a torcida pó-de-arroz, isso se traduziu no placar do jogo: Cruzeiro 1, Fluminense 0.

Me impressiona essa inconstância do centro-avante do Fluminense. Nos dias bons, o sujeito empurra as bolas mais difíceis para as redes adversárias. Nos dias ruins, perde gols que a sua avó provavelmente faria. Ainda assim, é um dos artilheiros do Campeonato Brasileiro. E isso não é novidade para ele, visto que ele já foi o maior goleador do futebol nacional, quando jogava pelo Atlético do Paraná.

Aos Tricolores do céu e da terra, fica a esperança de que as últimas atuações ruins de Washington sejam a moldura para excelentes atuações nos próximos jogos. Precisaremos dos gols dele para fugir do rebaixamento!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A batalha de Florianópolis

Amigos, o que se viu ontem em Florianópolis não foi uma partida de futebol. Com aquela chuva torrencial, o gramado do Estádio Orlando Scarpelli não era mais um campo de futebol. Mais parecia uma piscina olímpica.

Como o jogo não era de futebol, o Tricolor teve que se privar do raríssimo talento de Darío Conca. Sim, amigos, a substituição do craque argentino fez todo o sentido, embora não pareça. Em um jogo normal de futebol, trocar a habilidade de um Conca pelo poder de destruição de um zagueiro seria um atentado à arte futebolística. Porém, a batalha de Florianópolis não constituiu um jogo normal de futebol. Tratava-se de uma batalha, como a de Waterloo. O baixinho portenho tem talento para jogar bola, e não para guerrear. Portanto, sua substituição foi um acerto de René Simões.

Ainda bem que houve aqueles quinze minutos de semana passada, durante os quais os jogadores puderam jogar bola. Tempo suficiente para que Arouca fizesse o gol da vitória - a doce e santa vitória! O 1 a 0 alivia bastante a luta do Fluminense contra o possível e injusto rebaixamento.

Restam as cinco decisivas rodadas do certame. As próximas semanas serão eletrizantes. A briga pelo título está acirrada: São Paulo, Palmeiras, Grêmio e Cruzeiro favoritos, com o Flamengo correndo por fora. Na parte de baixo, Fluminense e Vasco brigam contra o rebaixamento. Na minha feliz condição de tricolor nato, confesso e hereditário, torço para que ambos consigam se manter na elite. Um Campeonato Brasileiro sem o Pó-de-arroz ou o Bacalhau seria como a música sem Tom Jobim ou Chico Buarque.

PC

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Pitacos

Amigos, hoje eu só escreveria sobre a histórica corrida de Interlagos, que deu a Lewis Hamilton o título, por ínfimos 500 metros. Porém, o que resta escrever sobre a Fórmula 1 após o brilhante relato realizado pelo meu colega de blog? Perguntei e já respondo: quase nada.

Então, meu espaço aqui será preenchido por pitacos sobre algumas situações que vivi nos últimos dias. Lá vai:

1. Ainda sobre a corrida: a derrota de Felipe Massa foi muito mais cruel e dolorosa do que poderia ter sido. Explico: a situação estava perdida - sete pontos constituem uma diferença considerável, de modo que estávamos todos conformados com a derrota, que já era esperada. Então, a esperança veio em forma de chuva: de repente, o brasileiro passou a ser o campeão. E o que acontece em seguida: o doce da vitória é retirado das nossas bocas, quando já estávamos começando a saboreá-lo. Uma pena.

2. A situação é parecidíssima com a perda da final da Libertadores pelo Fluminense, esse ano. Na ocasião, escrevi que "o esporte não tem nenhum compromisso com a justiça". Assim como o Fluminense merecia a Libertadores após aquela partida fantástica, também Massa merecia o campeonato após a corrida brilhante.

3. Falando em Fluminense, o Tricolor perdeu o clássico contra o Vasco na ousadia de René Simões. Ao tirar o volante Fabinho e pôr o atacante Ciel, o técnico pó-de-arroz mostrou que estava disposto a vencer ou perecer. René está de parabéns por abominar o empate. Infelizmente para nós, tricolores natos, hereditários e confessos, acabamos perdendo o jogo. Faz parte.

4. Em tempo, nenhuma culpa teve o juiz gaúcho Simon. Mais uma vez, como em Curitiba (Atlético PR 1 x 3 Fluminense), ele teve excelente atuação. Não à toa, é o único árbitro brasileiro com chances de apitar a Copa do Mundo de 2010.

5. Minha dentista hoje utilizou uma espécie de mini-foice para agredir minha arcada dentária inferior. A tal "retirada de tártaro" mais pareceu uma escavação arqueológica na minha pobre boca. E ela ainda teve a ousadia de me dizer: "está vendo como a gengiva está sensível? Sangrando à toa!". Eu ficaria surpreso se ela não sangrasse, após tantos golpes!

6. Voltando ao futebol, agora na parte de cima da tabela: a ascensão do São Paulo parece inexpugnável. O tricolor paulista caminha a passos largos para o caneco. O sexto título brasileiro do clube - o terceiro seguido - seria a consolidação do domínio são-paulino no futebol tupiniquim. Nenhuma surpresa - o clube é o mais estruturado do país, sem sombra de dúvida.

Até a próxima!
PC

domingo, 2 de novembro de 2008

1 ponto, 2 curvas


Dizem que o futebol é uma caixinha de surpresas. O que dizer então da Fórmula 1?

Um campeonato marcado pelo equilíbrio desde o seu início não poderia terminar de forma mais espetacular. A Era Pós-Schumacher tem como principal característica os encerramentos mais incríveis que se possam imaginar.

No ano passado, três pilotos chegaram a Interlagos disputando o título, e o caneco foi para o menos provável deles: Kimi Raikkonen. Neste ano, o favorito acabou levando o campeonato, mas de maneira inacreditável!

Felipe Massa, brasileiro da Ferrari dominou o fim de semana, mas os sete pontos de desvantagem para o segundo colocado, o inglês Lewis Hamilton, faziam com que o título da temporada fosse algo utópico, sendo consolado pelo prazer de vencer uma corrida em casa. Mas, já no treino que decidiu as posições de largada, o sonho começou a ganhar contornos mais reais.

Domingo, 15:00, horário da largada, começa a chover. O que seria de uma corrida em Interlagos sem chuva? Largada adiada e garantia de emoções até o final. Dez minutos mais tarde apagam-se as luzes vermelhas e os pilotos partem para uma das mais importantes corridas da História. Todos passam pelo “S” do Senna, menos David Coulthard, que fazia ali a última curva de sua carreira na F1. Ou melhor, não fazia a curva. Pode não ter sido o desfecho que ele esperava, mas ele pode se orgulhar de ter estacionado sua Red Bull na curva imortalizada pelo maior ídolo do automobilismo brasileiro. Um pouco mais a frente, ainda nessa volta, Nelsinho Piquet também encerra sua temporada mais cedo. Safety car na pista, começa tudo de novo.

Após mais uma largada, nenhuma mudança significativa, exceto pelo fato de a pista começar a secar bastante. Isso obrigou os pilotos a trocar os pneus, e após todos terem parado, Massa continuava na liderança, enquanto Hamilton aparecia na sexta posição, o que dava o título para o piloto brasileiro. Isso porque o italiano Giancarlo Fisichella apareceu, sabe-se lá como, à frente do inglês. Por pouco tempo, já que uma Force India não pode competir com uma McLaren.

O texto já está ficando enorme, vou pular então para o final da prova. Oito voltas para o fim da corrida, nada parecia estragar a festa inglesa em São Paulo, já que Hamilton estava em quinto, e em sexto aparecia seu companheiro de equipe, Heikki Kovalainen, que em hipótese alguma comprometeria os planos de Hamilton. Mas nesse momento a chuva voltou. Todos estavam com pneus para pista seca, e tiveram que entrar nos boxes para trocá-los por pneus intermediários. Todos menos um: o alemão Timo Glock, da Toyota, que viria a se tornar um dos personagens mais importantes dessa prova. Ele foi o único a não ir para os boxes, permanecendo na pista molhada com pneus de pista seca. E, num primeiro momento, se deu bem, pois parecia que a chuva não ia molhar muito mais o circuito, e seu desempenho era superior ao dos demais pilotos.

Outro nome decisivo na corrida foi mais um alemão, Sebastian Vettel, da Toro Rosso. Após estar boa parte da prova em segundo, e manter-se sempre entre os postulantes à vitória, Vettel aproximou-se perigosamente de Hamilton, que a essa altura ocupava a quinta posição, e não tinha mais a proteção do seu escudeiro finlandês para garantir-lhe o título. Além disso, o piloto alemão já mostrara em Monza que sabe guiar muito bem quando a pista está molhada. Não deu outra. Após insistir um pouco, Vettel passou Hamilton, que caiu para a sexta posição na corrida e segunda posição no campeonato, perdendo para Massa no número de vitórias na temporada.

A imagem nos boxes da McLaren era de incredulidade e desespero. A poucas voltas do fim Hamilton perdia novamente um título que esteve em suas mãos o tempo todo! E assim foi até a última volta. Massa, anos-luz à frente dos demais competidores, cruza a linha de chegada com gritos de “É campeão!”, pois Hamilton continuava em sexto. Pois aí volta a cena o personagem ao qual me referi. Como a chuva apertara nesta última volta, quem estava com pneus de pista seca perdeu completamente a competitividade. E quem estava com pneus de pista seca? Timo Glock. O alemão fez de tudo para se segurar na pista, e estava a apenas duas curvas de um resultado espetacular (não só para ele como para toda a torcida presente, que comemorava o título tão sonhado de Felipe Massa), quando a distância que o separava de Hamilton deixou de existir, e o piloto inglês assumiu a quinta posição. Vitória de Felipe Massa. Título de Lewis Hamilton. Fernando Alonso e Kimi Raikkonen completaram um pódio com sabor bastante amargo.

Foi de arrepiar, de tirar o fôlego. Por trinta segundos o Brasil teve mais um campeão mundial. Uma temporada espetacular, que não poderia terminar de forma mais excepcional. Aliás, poderia, se o Felipe tivesse sido o campeão.

Fica a torcida para que a temporada do ano que vem seja tão incrível quanto essa, e que a Ferrari possa comemorar o título de Felipe Massa no momento derradeiro.

Fico também na torcida para que Rubens Barrichello possa continuar pilotando na Fórmula 1, com um carro competitivo, pois sua carreira tão brilhante não merece terminar com um melancólico décimo quinto lugar, na segunda pior equipe da competição.

rafs

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Emoção em São Januário

Vasco e Atlético Paranaense, ambos na zona de rebaixamento, se enfrentaram ontem em São Januário. O que se esperar de um jogo desses? "Uma autêntica pelada" - responderiam os idiotas da objetividade. Entretanto, amigos, o que se viu no estádio vascaíno foi um verdadeiro espetáculo - talvez o jogo mais emocionante do campeonato até agora!

A começar pelos torcedores - que linda a festa da torcida cruzmaltina em sua casa! Quando o quadro da Colina estava perdendo por 2 a 1, foi a torcida que o empurrou para o empate. Dizem que torcida não ganha jogo. Pois ganha. Ontem pelo menos empatou. Com as arquibancadas de São Januário cheias, o Vasco joga com mais ímpeto, com mais élan, com mais vigor.

E o que dizer do gol de empate? O chute de Madson foi impressionante. O que ele fez não se faz - é pior do que xingar a mãe. O goleiro até voou em direção à bola, mas foi totalmente em vão: a rede balançou!

E o golaço de Madson deu nova vida ao Vasco. Uma derrota tornaria ainda mais dramática a jornada cruzmaltina nesse fim de ano. O empate mantém o bacalhau na briga pela permanência na Primeira Divisão. O clássico de domingo - Fluminense x Vasco - vai pegar fogo!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Empate no Barradão

Amigos, já dizia o grande Nelson: quando dois times empatam, na verdade os dois perderam. O empate é o pior resultado, pois significa a derrota dos 22 jogadores, dos técnicos, do juiz, dos bandeirinhas, e também da torcida. Mais deprimente ainda é o empate sem gols: ao olhar o placar virgem, o espectador tem a sensação de que o jogo terminou sem ter acontecido. O zero a zero deveria implicar a devolução do dinheiro do ingresso.

Assim foi o clássico rubro-negro no Barradão. Vitória e Flamengo perderam gols aos borbotões. Por exemplo, o gol que o lateral flamenguista Leonardo Moura perdeu não se pode perder. Recebeu a bola dentro da área, mais solitário que um paulistano, com o goleiro caído à sua frente... e o que fez Leonardo Moura? O mais difícil: isolou a bola. Mandou para escanteio a preciosa chance da vitória. Pior, mandou para tiro de meta.

O folclórico Obina também desperdiçou uma oportunidade cristalina. A pelota perfeitamente alçada na área, na altura certa, na direção certa, as traves escancaradas à sua frente... e o que fez Obina? O mais difícil: cabeceou para fora. E assim, atirando pela janela todas as chances que apareciam, Vitória e Flamengo insistiram no melancólico zero a zero.

Enquanto isso, no Engenhão mais uma vez vazio, o São Paulo derrotou o anfitrião Botafogo. Em Minas, o Cruzeiro deu um banho no líder Grêmio: 3 a 0. O Palmeiras também venceu: 1 a 0 no Goiás. Com os resultados, o Flamengo cai para o quinto lugar. Com tanta irregularidade, acho difícil que o rubro-negro conquiste o tão sonhado quinto Campeonato Brasileiro. Me parece que a disputa se restringirá a São Paulo, Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro.

Logo mais, duas decisões na parte de baixo da tabela: Vasco x Atlético Paranaense em São Januário; e Figueirense x Fluminense no Orlando Scarpelli. Até lá!

sábado, 25 de outubro de 2008

Vitórias de Botafogo e Fluminense

Amigos, cumpriu-se minha profecia. Em Minas, o Botafogo deitou e rolou em cima do Ipatinga: foi um banho de 3 a 0. No Maracanã, o Fluminense massacrou o Palmeiras: outro banho de 3 a 0. A rodada terminou com quatro inquestionáveis vitórias cariocas!

Até se poderia dizer que a tarefa do Botafogo foi fácil, porque o Ipatinga é o lanterninha. Ledo engano: às vezes, esses times desesperados podem se tornar mais perigosos que o Real Madrid. E o sol das 3 da tarde castigava o Ipatingão, atrapalhando a atividade esportiva. Mesmo assim, o Alvinegro fez valer seu favoritismo, e impôs dois a zero ainda no primeiro tempo. Após esse impetuoso ataque inicial, o quadro de General Severiano fez o óbvio: administrou o resultado. Com um gol no finzinho, consolidou a goleada.

E o que dizer do triunfo Tricolor no maior estádio do mundo? Havia 34 mil torcedores presentes, os quais preferiram ir ao Maracanã em detrimento da convidativa praia. Eles não se arrependeram. Disse "eles", mas já me corrijo: nós não nos arrependemos. Como eu estava lá, o correto é usar a primeira pessoa do plural. Espero que isso também não mude com a reforma ortográfica.

Como eu ia dizendo, nós não nos arrependemos. O que se viu no primeiro tempo, amigos, foi o grande Fluminense, e nada mais. Não havia o Palmeiras, não havia o juiz, não havia os bandeirinhas. Em campo, havia apenas o Tricolor: o grande e eterno Fluminense, empurrado feericamente pela eufórica torcida, como se estivesse disputando o título. Em tempo: na quinta-feira, o São Paulo - disputando o título - levou apenas 17 mil fãs ao Morumbi.

O primeiro gol foi do criticado Carlinhos. O lateral-direito cobrou a falta cruzando para a área e, enquanto o goleiro Marcos só se preocupava com Washington, a bola morria no fundo da rede. O segundo gol foi uma trapalhada da defesa paulista: um zagueiro chutou em cima do outro, e a bola acabou na rede. Foi como eu escrevi: só havia o Fluminense em campo, amigos! O Tricolor estava tão arrasador, que o próprio Palmeiras se encarregou de fazer o nosso segundo gol!

O terceiro tento pó-de-arroz foi bonito de se ver: lindo passe de Conca, chute cruzado de Júnior César, e o Verdão liquidado no gramado do Maracanã. Hoje, o Fluminense nos brindou com uma daquelas atuações que assombraram a América no primeiro semestre! Terá sido mera coincidência com a presença de mais de 30 mil torcedores? Eu acho que não. Os idiotas da objetividade dizem que torcida não ganha jogo. E eu cito Nelson Rodrigues para desmascará-los: pois ganha. Continue aparecendo, torcida Tricolor!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Vitórias de Vasco e Flamengo

Para alegria do combalido futebol carioca, a rodada começou excepcionalmente bem, com vitórias maiúsculas de Vasco e Flamengo. O quadro cruzmaltino foi a Goiânia e voltou de lá com os três pontos, ao vencer por 4 a 2 o melhor time do returno - o Goiás. Já o rubro-negro fez valer o mando de campo, e massacrou o Coritiba no Maracanã: 5 a 0.

No jogo do Serra Dourada, o destaque foi Edmundo. O veterano craque jogou com vontade, ímpeto e élan inexcedíveis. Amigos, eis o que foi Edmundo na quarta-feira: um monstro! Molhou a camisa vascaína com o suor de um monstro. Com o triunfo em Goiânia, o Vasco melhora drasticamente sua situação na tabela, apesar de permanecer na tenebrosa zona do rebaixamento.

Já na batalha do Maracanã, a estrela foi o folclórico Obina. O atacante flamenguista corria como se fosse um coelhinho de desenho animado! O quadro da Gávea mantém as esperanças de título. Porém, o caneco só será possível se o Flamengo jogar sem o espírito do "já ganhou", que parece iludir diretoria, time e torcida. Se não acordarem todos a tempo, nem a vaga na Libertadores sobrará para o Rubro-negro.

Restam os jogos de sábado, entre os quais os de Botafogo e Fluminense. O Alvinegro vai a Minas Gerais enfrentar o Ipatinga, e o Tricolor recebe o Palmeiras no Maracanã. Se ambos vencerem, terá sido uma rodada perfeita para os clubes da Cidade Maravilhosa: quatro vitórias cariocas! Amém!

domingo, 19 de outubro de 2008

Nem só de Zona de Rebaixamento viverá este Blog


Não estava com muita vontade de ficar escrevendo rodada a rodada sobre o Brasileirão. Gosto de fazer isso quando vou ao estádio, e acompanho o jogo ali, pertinho do gramado. 

Mas esse blog está parecendo o Muro das Lamentações. Rodada após rodada aparece um post chorando por uma derrota, por um juiz que errou (ou roubou, sei lá)... E olha que o nobre colega que escreve aqui junto comigo nem é botafoguense!! 

Vou então falar do jogo do Maraca. O clássico dos milhões. Em tempos de crise financeira mundial, o jogo acompanhou a baixa do mercado e foi um verdadeiro desastre. Só não foi pior porque o zagueirão bacalhau deu aquela ajuda empurrando a redonda contra suas próprias redes. Mas se ele não fizesse o gol contra, o grande Obina, eterno carrasco do time cruzmaltino, iria fazer o gol. Ou não... é o Obina, dele pode-se esperar qualquer coisa. Jorge Luiz é o nome da fera. 

(Só pra constar, já que fiz isso com o técnico Dunga, faço com o Obina. Seu nome é Manuel de Brito Filho). 

O jogo foi muito fraco. Passes errados de lado a lado, falta de criatividade e de competência para finalizar. O Flamengo só ganhou o jogo graças a outro grande zagueiro do Vasco, o Odvan. Como pode um jogador conseguir machucar um companheiro de time nos treinos às vésperas do clássico contra o maior rival? E não era um jogador qualquer, mas o melhor jogador do time, o único com capacidade de tirar o grupo da situação medíocre em que se encontra. Se o Leandro Amaral estivesse em campo, ele não perderia a chance de marcar uns dois gols nesse time que na verdade é uma caricatura, daquelas bem esquisitas, do time flamenguista que iniciou o campeonato. 

Mas nem só coisas ruins tenho para falar. Por pior que esteja jogando, o que valem são os três pontos. Nas últimas cinco rodadas, Flamengo e Cruzeiro conseguiram 12 pontos, contra 11 do São Paulo, 9 do Palmeiras e apenas 7 do ainda líder Grêmio. Por mais que o jogo não seja bonito, que o meio-campo não seja habilidoso, ou que os atacantes não sejam matadores, o Mengão continua nas cabeças, e, como já disse no meu último post, ainda lutamos pelo título! Se o Grêmio, treinado pelo Celso Roth, consegue liderar esse campeonato, por que não podemos nós, rubro-negros, voltar à ponta no momento derradeiro? Acho que é a primeira vez nesta Era dos Pontos Corridos que um campeonato é tão disputado. 

Não gostaria que Vasco e Fluminense caíssem. Somos apenas quatro cariocas. Atualmente há quatro paulistas também. A probabilidade de dois times de SP subirem da Segundona é de 100%. Podemos até ter três; ou quatro! É muita humilhação para o futebol carioca. Ainda mais no ano em que o RJ esteve representado na final da Libertadores. E quando nos vimos livres do maior vilão do esporte no país, Eurico Miranda. 

Bom, azar o deles. Quero mais é saborear mais uma vitória sobre o maior rival, e curtir a momentânea utopia da busca pelo título. Só desisto quando terminar o campeonato. 

rafs

Personagem do fim de semana

Hoje resolvi fazer como Nelson Rodrigues fazia, e escolher um personagem do fim de semana. Havia muitas opções. No automobilismo, poderia ser Lewis Hamilton, que venceu o bucólico Grande Prêmio da China, passeando do início ao fim. No futsal, poderia ser qualquer jogador do brilhante escrete canarinho, que finalmente voltou a faturar a Copa do Mundo, no Maracanãzinho. No futebol, poderia ser o vascaíno Jorge Luiz, autor do solitário gol contra que decidiu o clássico do Maracanã a favor do Flamengo.

Porém, nenhum desses teve tanta influência no resultado da batalha em que estava envolvido quanto o meu escolhido. Para acabar com a ansiedade dos meus sete leitores, digo logo suas iniciais: o árbitro gaúcho Leandro Pedro Vuaden é o meu sorridente personagem do fim de semana. O que terá feito o árbitro para merecer tal honraria? Roubou. É o óbvio ululante: para um juiz chamar a atenção, ele tem que ser um juiz ladrão. E Vuaden fez mais que isso, vejam só: ele foi para o vestiário, ao final do jogo, sorrindo! Roubou descaradamente o Fluminense, e foi sorrindo para casa!

Os dois lances capitais aconteceram no segundo tempo do embate no Barradão. No primeiro, Washington estava pronto para emendar o cruzamento da direita, quando foi escandalosamente agarrado pelo zagueiro do Vitória. E o que fez o juiz Vuaden? Mandou seguir! Ignorou um pênalti que até um cego teria visto! O seu auxiliar tampouco se manifestou. Eu achava que os bandeirinhas tinham como função ajudar o juiz, e não fazer vista grossa para os seus erros.

Porém, se a torcida pó-de-arroz já se indignava com o primeiro erro do juiz ladrão, com o segundo foi pior ainda. Na última jogada da partida, Washington recebe livre na área, e fuzila para o gol, longe do alcance do goleiro. A bola só não estufa a rede porque um dos zagueiros baianos pratica a defesa, como se fosse o goleiro: o grande zagueiro espalmou a bola para escanteio. E o juiz apitou! Pênalti? Não! Escanteio! Vuaden conseguiu transformar o pênalti claro e cristalino em um mero escanteio!

Para aumentar a revolta dos jogadores e torcedores Tricolores, ele ainda encerra o jogo e se encaminha sorridente para o vestiário. Podemos saber do quê ria o juiz ladrão? Deve ser da nossa situação na tabela. Situação que o Fluminense só vive, cabe ressaltar, por ter privilegiado uma competição mais importante, em que representou com brilho o futebol brasileiro. E também por ter emprestado seus dois melhores jogadores, durante mais de um mês, para a Seleção Olímpica. Por fim, também estamos nessa lama graças a uma corja de juízes ladrões que parecem querer o nosso rebaixamento. O gaúcho Vuaden pertence a essa corja. E por ter provado isso hoje, com louvor!, merece ser o meu personagem do fim de semana.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Brasil x Colômbia

Quarta-feira, quinze de Outubro de 2008. Dia do mestre.

Casa cheia no Maior do Mundo para ver a Seleção Verde-Amarelo enfrentar a Colômbia. Após o sapeca-iá-iá aplicado sobre os venezuelanos, todos esperavam uma vitória relativamente fácil do Brasil. Mas isso não ocorreu. E, pior do que uma derrota, veio um insosso zero a zero.

Mas não pretendo escrever sobre o jogo. Foi muito chato, não vale à pena gastar mais nenhuma linha falando sobre o que (não) aconteceu dentro das quatro linhas. Outras coisas chamaram minha atenção nesta noite.

Em primeiro lugar, eu realmente esperava que o nosso técnico Carlos Caetano Bledon Verri (OBS.: o nome completo do Dunga aparee aqui como mera curiosidade, já que nem o "Volume 2" da Enciclopédia do Esporte, meu companheiro de publicações neste magnífico blog, soube me responder essa) fosse entrar com o Juan Maldonado (quem?) na lateral esquerda. Não que ele seja melhor ou pior do que o Kléber, para mim os dois estão no mesmo nível, apesar de, na minha opinião, o Kléber não estar jogando bem no Santos, que ainda não se vê livre da degola, enquanto o Juan é o destaque do Flamengo, que ainda luta pelo título (Sim, eu acredito!). Pensei que faria isso apenas para tentar ganhar o apoio da torcida, da forma como fez contra o Uruguai em São Paulo, escalando o Luís Fabiano, que sempre vinha treinando entre os reservas (e que seria um dos destaques daquela partida). Mas pode ser que o sangue Rubro-Negro tenha influenciado meu raciocínio. Bom, deixa pra lá.

Em segundo lugar, o comportamento da torcida foi muito estranho. Não sou freqüentador assíduo dos Maraca, mas sempre que vou aos jogos do Mengão, a torcida não pára de gritar um instante sequer, nem ao sofrer um gol (mas quando sofre três...). Já no jogo passado, no mesmo momento em que o árbitro ordenou o pontapé inicial, o estádio mergulhou em um silêncio ensurdecedor.

Não foi um silêncio como o que assolou o Mário Filho quando o Flamengo caiu vergonhosamente contra o América. Aquilo foi incredulidade. Este silêncio da última quarta-feira para mim ainda é algo inexplicável. Pode ser o reflexo de uma campanha de pouco brilho jogando em casa, ou o descontentamento com relação ao comando da Seleção. Ou talvez o prenúncio de um jogo apático dentro e fora de campo. Houve momentos em que a torcida se manifestava, mas, como o Paulinho, camisa 3 do Tricolor, escreveu no seu post, eram manifestações relativas aos clubes cariocas, ou ofensivas ao técnico Dunga.

No jogo anterior do Brasil no Maraca, contra o Equador, a torcida festejou o jogo inteiro. Pudera, o Maior do Mundo não recebia a Seleção havia muito, muito tempo. A torcida estava ansiosa por torcer in loco pelo Brasil. Acho que foi mais ou menos como nas copas do tetra e do penta. Lembro bem que a comoção nacional em torno da conquista do quarto título mundial foi infinitamente maior do que a do quinto, pois o Brasil não levantava a taça desde a brilhante conquista de 70. Da mesma forma, o jogo contra a Colômbia já não era tão ansiado pelos torcedores cariocas como foi o jogo contra o Equador.

Enfim, o dia quinze de Outubro de 2008 poderia ser apagado dos registros do futebol, pois não faria falta nenhuma. No dia em que devemos reverenciar os mestres, no palco onde muitos deles deixaram sua marca na História, faltou maestria à Seleção Brasileira.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O pior empate e os subtorcedores

Quando ocorre um empate, na verdade acontece uma dupla derrota. O torcedor vai ao Maracanã, com seu radinho de pilha, ou seu MP3, ou mesmo sem nada, na esperança de ver o seu time vencer. Ou até mesmo perder. Amigos, o pior cenário é o empate. O meu ingresso do jogo de ontem dizia: "Arquibancada Verde/Amarela - Brasil x Colômbia". Isso significa que eu investi vinte reais para ver quem ganharia: o Brasil ou a Colômbia. Portanto, nada mais frustrante que um empate.

Porém, por mais que o empate signifique a derrota dos dois times, às vezes gostamos de uma batalha que termina sem vencedor. Um 3 a 3, por exemplo: seis gols satisfazem a qualquer torcedor! Deprimente, melancólico, ultrajante mesmo é o 0 a 0. Zero a zero: eis o triste placar que assolou o Estádio Mário Filho na noite desta quarta-feira.

Para piorar tudo, é o terceiro 0 a 0 seguido do Brasil em casa, pelas eliminatórias. O toque de bola, nossa escola, nossa maior tradição, não tem conseguido furar as defesas portenhas. Por isso, ouviram-se tantas vaias ontem no Maracanã.

Cabe dedicar um parágrafo a um tipo de torcedor presente em massa ontem: o flamenguista. Havia dois subtipos: o flamenguista que foi torcer para a Seleção, e o flamenguista que foi torcer para o Flamengo. Infelizmente, o segundo subtipo era maioria. Esse parágrafo é a ele dedicado, ao subtorcedor. Coitado do Kléber, nosso lateral-esquedo titular: era só ele encostar na bola, que os subtorcedores o vaiavam. Sem nenhum motivo aparente! Ele não precisava errar para ser vaiado: ouvia o urro irracional quer acertasse, quer errasse. Tudo porque o lateral-esquerdo reserva era o Juan, do Flamengo. Esse simples fato fazia com que os subtorcedores vaiassem Kléber incondicionalmente. Isso incomodou tanto que o próprio Juan reclamou, ao final da partida. Que atitude lamentável a dos subtorcedores! Também o zagueiro pó-de-arroz Thiago Silva sofreu. Quando foi chamado para entrar em campo, teve que ouvir o coro dos subtorcedores: "ão, ão, ão, Segunda Divisão". Os subtorcedores se referiam à luta do melhor time das Américas em 2008 contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Pelo menos, os torcedores de verdade conseguiram abafar o grito patético, gritando o nome do "melhor zagueiro do Brasil".

Somente eles - os subtorcedores - mereciam o melancólico 0 a 0. O placar virgem é o presente-de-grego deles! Que eles nunca mais voltem ao Maracanã!

domingo, 12 de outubro de 2008

Triunfo na Arena

Amigos, escrevo de Curitiba. Vim à bela e limpa capital paranaense para apoiar o meu Tricolor, no decisivo embate de sábado, contra o Atlético local.

Preciso comentar sobre o estádio do Atlético Paranaense, a famosa Arena da Baixada. É tido, ao lado do Engenhão, como o mais moderno do país. Talvez o seja na parte da torcida local. No setor destinado aos visitantes, não é. Dois postes de luz atrapalham bastante a visão do campo. Se quiser ser palco da Copa de 2014, precisará ser reformado, pois a FIFA não permite que haja "pontos cegos". Outro ponto: uma arena dita moderna deveria ter cobertura em todos os locais. Um ponto favorável: acesso tranqüilo e com separação adequada entre as torcidas.

Agora, passo a comentar sobre o grande jogo. Quando o ex-tricolor Antonio Carlos, o herói de 2005, se posicionou para cobrar a falta, tive um mau pressentimento, que se concretizou: gol do Atlético. Começava mal a estréia de Renê Simões. Porém, a redenção estava próxima. E começou com a ajuda de outro ex-tricolor: o bonde Rafael Moura. Inexplicavelmente, ele achou que era goleiro, e defendeu um cruzamento do tricolor. Com as mãos. O sábio juiz gaúcho, Simon, marcou corretamente o pênalti. E o ex-atleticano Washington marcou o gol de empate! Minutos depois, o herói de 2005 voltou à ação e derrubou Arouca na área: é pênalti, de novo! De novo Washington: 2 a 1 Fluminense. Estava consumada a doce e santa virada!

O segundo tempo transcorria com tensão, quando o tricolor Luiz Alberto fez falta desleal e foi corretamente expulso. Abre parênteses. Muito boa a atuação do juiz: cometeu pouquíssimos erros, em um jogo muito complicado. Fecha parênteses. Onze contra dez: tudo tem que ser mais difícil, mais suado, mais cardíaco para o Fluminense!

Mesmo com um a menos, o pó-de-arroz atingiu seu objetivo: Washington marcou, de cabeça, o seu terceiro gol, e também o terceiro gol do Fluminense. Placar que fez o Tricolor respirar aliviado, fora da zona de rebaixamento. Pelo menos até o próximo sábado!

Nos outros jogos do fim de semana, ressalto a vitória do Atlético Mineiro sobre o Flamengo, em pleno Maracanã com 81 mil torcedores. Qualquer vitória obtida sobre o rubro-negro no Maior do Mundo já é um grande feito. Quando é um banho de 3 a 0, torna-se uma proeza hercúlea. Azar o do Urubu, que vê dificultada a busca por seu quinto Campeonato Brasileiro. Houve também a vitória da Seleção sobre a Venezuela, no campo adversário. O escrete jogou bem, com destaque para as atuações de Kaká, Robinho e Júlio César. Quarta, o desafio é no Maracanã, contra os colombianos. Até lá!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sport 2, Vasco 2

Aqui vai meu breve comentário sobre a peleja de ontem à noite. É apenas uma constatação: como as circunstâncias modificam nossos pensamentos sobre os fatos!

Se, antes do jogo, perguntássemos a um vascaíno: o empate está de bom tamanho?, ele responderia imediata e euforicamente: sim, sim, sim!. Afinal, após a vergonhosa derrota para o Figueirense em pleno São Januário, o que esperar do confronto contra o campeão da Copa do Brasil, lá na Ilha do Retiro, senão a derrota?

E o que acontece na partida? O Vasco chega aos 45 minutos do segundo tempo vencendo por 2 a 1! Os olhos cruzmaltinos já brilhavam com a proximidade dos três preciosos pontos! E então, no apagar das luzes, no frigir dos ovos, os pernambucanos marcam o gol.

E o empate, que teria o doce e santo gosto da vitória, na verdade traz consigo o amargo gosto da derrota.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Agonia em São Januário

Amigos, eis a verdade cruel: assim como o Tricolor, também o Vasco agoniza no certame nacional. Quinta, escrevi sobre o sofrimento pó-de-arroz. Hoje, escrevo sobre o padecimento cruzmaltino.

A meu ver, a situação na Colina é ainda mais grave que no Laranjal. Já explico: o Fluminense olha seu elenco e ainda encontra bons jogadores. Um Thiago Silva, um Conca e um Washington podem decidir partidas. Fernando Henrique, Edcarlos, Luiz Alberto, Roger, Júnior César e outros podem não ser brilhantes, mas já mostraram algum valor. Agora, examinemos o plantel vascaíno: é desolador. O grande Edmundo já foi mesmo um grande jogador, e certamente ainda é útil hoje, embora não jogue mais no alto nível de antes. Fora o Animal, Leandro Amaral é a única esperança da torcida cruzmaltina. Nem mesmo nos bastidores o Vasco demonstra sua força: perdeu Morais para o Corinthians, para a Segunda Divisão! Enquanto Fluminense e Flamengo perdiam seus destaques para a Europa, o Vasco perdia seu destaque para a Série B!

Vejamos o que aconteceu sábado em São Januário. A certa altura, o placar anunciava, para incredulidade geral: Vasco 0, Figueirense 4. Pergunto: o quadro de Santa Catarina está com um excelente time esse ano? Está disputando o título com Grêmio e Palmeiras? Eu mesmo perguntei e eu mesmo respondo: não, e não. Os catarinenses também batalham contra o rebaixamento. Trata-se de um time fraco. Não é nem caricatura do time de 2007, vice-campeão da Copa do Brasil, vencida pelo Fluminense.

Então, o que explica o fracasso do Vasco? Ora, só pode ser mesmo a mediocridade de seu próprio plantel. Um placar de 4 a 0, tão devastador, não deixa espaço para dúvidas. O time cruzmaltino é um dos piores do campeonato. É provavelmente o pior de sua história. Ainda é possível escapar? É claro que sim, afinal restam dez jogos, e em futebol tudo pode acontecer. Há outros times ruins, que podem muito bem cair no lugar do Vasco: o Ipatinga, a Portuguesa, o Atlético Paranaense, e até mesmo o próprio Figueirense. Porém, tal qual o Fluminense, o Vasco precisa começar a reagir imediatamente. Antes que seja tarde demais.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

1 a 1 no Maracanã

Amigos, eis a verdade cruel: continua a agonia Tricolor. Há exatos três meses, vivíamos num céu de diamantes: jogávamos a final da América, na mais linda festa que uma torcida jamais protagonizou.
Ontem, noventa dias após a quase conquista da Libertadores, vivemos um inferno. O time não é nem sequer uma caricatura do grande quadro que deu show na Libertadores. Saíram Gabriel, Cícero e Thiago Neves. Saiu também o Renato Gaúcho do comando. A garra, a vontade, o élan e o ímpeto inexcedíveis que caracterizavam o plantel igualmente saíram. Boa parte da torcida também saiu do Maracanã: ontem, havia apenas 15 dos 90 mil que lá estavam em 2 de julho. Saiu tanta coisa que o Fluminense de hoje é outro Fluminense.

E foi esse outro Tricolor que entrou em campo ontem. Sem garra, sem vontade, sem ímpeto, sem o élan que caracteriza um time vencedor. O Goiás meteu uma bola na trave, e nada de o Fluminense reagir. Resultado: o lateral-direito Vitor abriu o placar para o alviverde goiano. O quadro esmeraldino fez o gol, mas logo cometeu o erro fatal: o de recuar. E mais por isso que por mérito próprio, o Pó-de-arroz empatou. O argentino Conca, um dos poucos resquícios do time que assombrou a América, fez o gol, de falta.

Eis que, ainda no primeiro tempo, o Fluminense recebe uma preciosa ajuda. Um tal de Fredson, reserva que acabara de entrar no Goiás, dá um carrinho violento e desnecessário, e é expulso de campo. Com um homem a mais, o Flu tinha a faca e o queijo na mão para, finalmente, conquistar a doce e santa vitória. Porém, a superioridade numérica não durou muito: nosso atacante Maicon botou a mão na bola, e foi expulso também. E assim fomos para o intervalo: dez contra dez.

O Goiás voltou para a segunda etapa com a postura incorreta: a de se defender para garantir o empate. A estratégia que, por si só, seria um tiro no pé ainda recebeu um duro golpe: mais uma expulsão. Os nove remanescentes goianos então recuaram ainda mais. O gol da vitória Tricolor parecia questão de tempo.

Porém, no inferno as coisas não dão certo como no céu. A bola não entra tão facilmente. Ciel que o diga: perdeu gols aos borbotões. Os gols feitos que ele desperdiçou são como proezas de Hércules às avessas. O Goiás lá, recuadinho, esperando sofrer um gol, quase pedindo para sofrer um gol... E o Tricolor não conseguia arrombar as redes adversárias. O tempo foi passando, e o Fluminense não desempatou mais. Nunca mais.

Na volta para casa, um dos arrasados e desanimados torcedores me disse a verdade: a torcida merecia a Libertadores; a diretoria merece o rebaixamento - proferiu ele. Sábias palavras. O time hoje está desfigurado por causa da falta de planejamento da diretoria. Já se sabia que alguns bons jogadores iriam embora no meio do ano, mas nenhuma contratação de substituição a eles foi realizada previamente. A demissão de Renato Gaúcho foi outro erro, o qual eu alertei aqui. A mudança de treinador só traria efeitos ruins a curto prazo. Nem mesmo as duas vitórias de Cuca me animaram: disse aqui que o time ganhou por causa da sorte, porque não havia padrão de jogo. Desde então, não houve mais vitórias: somente empates e derrotas.

Hoje, foi a vez de Cuca dar adeus. Ele realmente não vinha bem, mas novamente duvido que a mudança de técnico melhore nossa dramática situação. Na minha feliz condição de Tricolor nato, confesso, fanático e hereditário, evidentemente espero estar errado. Que chegue Renê Simões, e salve do naufrágio o barco das três cores que traduzem tradição.

PC

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Clássico no Engenhão

A rodada foi recheada de bons jogos. Destaco a dramática e suada vitória flamenga no Maracanã, com direito a gol aos 44 do segundo tempo. Um triunfo assim conquistado é saboreado pelos torcedores como um delecioso chicabon! E o rubro-negro permanece no grupo dos quatro primeiros, perseguido de perto pelo pentacampeão São Paulo.

Porém, é óbvio que o grande jogo da rodada foi o clássico do Engenhão. Não haveria como não sê-lo! Cheguei há pouco do Estádio Olímpico, e já vocifero: que idéia estapafúrdia a da diretoria alvinegra, a de mandar os clássicos na acanhada arena. É como se o Vasco resolvesse fazer seus clássicos em São Januário, ou o Corinthians no Parque São Jorge. O estádio é bonito, moderno e confortável, mas não foi construído para receber duas torcidas. Houve confusão antes e depois do jogo, fato devido à impossibilidade de separação dos torcedores das agremiações rivais. Pior ainda foi a idéia de confinar a torcida pó-de-arroz ao minúsculo setor sul do estádio. Os 8.500 tricolores que se fizeram presentes tiveram que assistir ao jogo espremidos, de forma desconfortável, enquanto os 4.000 alvinegros se espalhavam confortavelmente pelos outros setores.

Sobre o jogo em si, ele teve um grande personagem, de nome Péricles Bassouls. Um sujeito com um nome tão antiquado, tão impronunciável, já começa mal na vida. Imaginem se Napoleão Bonaparte se chamasse Péricles Bassouls! Ele teria sido, de antemão, muito menos napoleônico do que realmente foi! Dessa forma, um sujeito com tal nome precisa ser muito bom no que faz para ganhar algum destaque. Ou muito ruim.

A expulsão de Thiago Silva foi um escândalo. O melhor zagueiro do Brasil sequer fez falta em Carlos Alberto. E, se houvesse acontecido a falta, ela seria para cartão amarelo, não vermelho. O Tricolor já perdia por 1 a 0, e a expulsão só complicou as coisas para o lado de Álvaro Chaves. Porém, o dono do apito queria mais. Talvez impulsionado por um feérico ódio ao Fluminense, deixou de marcar três - eu disse três! - pênaltis claros, cristalinos, insofismáveis! O juiz ladrão, clássico personagem do futebol brasileiro, tem aparecido em quase todos os jogos do Tricolor. Semana passada, foi o tal de Macedo no Maracanã. Ontem, foi o tal de Péricles no Engenhão.

Com um gol a menos no placar, e um homem a menos no campo (dois, se contarmos o décimo-segundo jogador alvinegro), o que se poderia esperar do Fluminense, lanterna do campeonato? Nada!, responderiam imediata e estupidamente os idiotas da objetividade. Mais luta!, respondo eu, na minha condição de pó-de-arroz nato, confesso e hereditário. Amigos, eis a verdade: o Tricolor nunca deixa de lutar. Foi essa característica de nossa alma que nos permitiu sair da Terceirona para o topo da América em nove anos. Foi essa característica de nossa alma que nos deu os campeonatos de 76, 83, 84, 95 e 2005. É essa característica de nossa alma que nos livrará do inferno atual. Nunca deixamos de lutar! Essa característica de nossa alma explica o milagre do empate: Edcarlos, no apagar das luzes, empurrou a bola para as redes do uruguaio Castillo.

Assim foi o Fluminense x Botafogo de ontem, visto do minúsculo setor sul do acanhado Estádio Olímpico João Havelange: um jogo que consagrou o nada napoleônico Péricles Bassouls como juiz ladrão.

domingo, 21 de setembro de 2008

Fluminense 2 x 3 Coritiba

Amigos, eis a verdade cruel: esse fim de semana revelou mais uma rodada indecente dos clubes cariocas. Botafogo, Vasco e Fluminense perderam. O Flamengo venceu por 1 a 0, só 1 a 0, em pleno Maracanã, o fraquíssimo quadro do Ipatinga. Diante de tanta mediocridade, escolho o jogo do Fluminense para comentar. Não o faço porque sou tricolor nato, confesso e hereditário, mas sim porque foi o confronto com mais personagens interessantes.

Comecemos pelo juiz. Amigos, o que seria do futebol sem o juiz ladrão? Por vezes, ele salva um espetáculo que, sem ele, não teria graça alguma! O senhor Jailson Macedo Freitas, por exemplo. Com três minutos de jogo, deixou de marcar um pênalti claro, escandaloso, insofismável em Washington! Que graça teria o jogo se ele tivesse cumprido sua obrigação? O pó-de-arroz sairia na frente, e provavelmente venceria o jogo com tranqüilidade. Ao não marcar a falta clara, o juiz ladrão salvou a peleja!

O Coritiba abriu o placar alguns minutos depois, e o Fluminense virou para 2 a 1 ainda no primeiro tempo. O já citado Washington, autor dos dois tentos, é outro grande personagem do jogo. Os tricolores mais antigos se lembram de Waldo ao vê-lo em ação. Perde gols aos borbotões, mas sempre estufa as redes adversárias. E porque o fez duas vezes ontem, merece ser citado aqui. Devo ressaltar que o primeiro tento, por cobertura, foi uma obra de arte, que deveria estar exposta no Louvre!

Na volta do intervalo, o moderno placar eletrônico do Maracanã anunciava: Fluminense 2, Coritiba 1. Meu primeiro personagem, ao ver isso, logo pensou: "o jogo ficará sem graça, preciso consertar isso". Foi o que ele fez no lance do gol de empate do Coritiba: novamente, corrigiu o rumo do jogo. Um jogador pó-de-arroz foi escandalosamente empurrado, mas o juiz ladrão mandou o jogo seguir! Na seqüência, os paranaenses empataram, para plena satisfação do senhor Macedo.

Aos vinte e sete da segunda etapa, aconteceu o grande lance. A essa altura, Washington e o ladrão Macedo já haviam cumprido seus papéis. Restavam os dois outros personagens: o tricolor Tartá e o coxa-branca Keirrison. O segundo já havia começado a cumprir seu destino, ao marcar o gol de empate. O primeiro vinha tendo atuação discreta. Eis que o grande lance une os dois jogadores. Tartá fez uma lambança que me lembrou uma criança desajeitada saboreando um chicabon. Pressionado, deu um passe milimétrico para Keirrison. Nem mesmo um companheiro de equipe conseguiria dar a bola tão limpa, tão perfeita. O jovem do Coritiba apareceu na cara do arqueiro tricolor, e aproveitou para liquidar o Fluminense.

Uma amiga tricolor, o olho rútilo e o lábio trêmulo, definiu bem o fatídico lance: foi um semi-gol-contra! - exclamou ela. Por ter feito um semi-gol-contra, Tartá merece estar aqui. E por ter estufado duas vezes a rede tricolor, provando mais uma vez seu valor, Keirrison também merece cartaz.

Macedo - o juiz ladrão, Washington, Keirrison e Tartá - eis os grandes personagens do jogo de sábado no Maracanã.

PC